São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Novos 'laranjas' depõem à Polícia Federal

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal de São Paulo ouviu na tarde de ontem os depoimentos dos sócios da empresa Tradetronic Eletrônica, que atuaram como "laranjas" nas negociações financeiras investigadas pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Precatórios.
Segundo os sócios, os irmãos Alexandre e Marcelo Desimoni da Mota, a empresa teria movimentado cerca de R$ 270 milhões só no primeiro semestre de 1996. Alexandre disse ter assinado cerca de 250 folhas de cheque em branco.
Apesar dessa movimentação, os sócios garantem que a Tradetronic teria tido um lucro real de apenas R$ 12 mil. Outras pessoas envolvidas no esquema teriam lucrado R$ 5 milhões.
A Tradetronic, segundo os Mota, teria entrado no esquema de negociação de títulos públicos por meio de Cláudia Mammana, que foi sócia de ambos, mas deixou a sociedade em 96. Ela os teria apresentado à empresa Negocial, uma das maiores envolvidas nas operações consideradas irregulares.
Segundo o advogado dos irmãos, André Nogueira Cardoso, Cláudia teria informado a eles que o esquema beneficiaria empresas estrangeiras que ainda não estariam em situação totalmente regularizada no Brasil.
Cláudia Mammana é ex-mulher de Pedro Mammana, que, segundo o empresário Ibrahim Borges Filho (dono da IBF Factoring), o teria apresentado à empresa Split, outra envolvida no caso.
A relação do casal Mammana com duas empresas "laranjas" reforça a avaliação de alguns membros da CPI que acreditam que poucas empresas, atuando em conjunto, planejaram todas as operações irregulares.
Proteção
Segundo o senador Romeu Tuma (PFL-SP), que acompanha as investigações em São Paulo a pedido da CPI, os irmãos Mota estariam sofrendo ameaças de morte e pediram proteção à PF. Desde ontem, estão sob guarda federal.
A Tradetronic, segundo seus proprietários, teria feito operações com títulos de Alagoas e operado com a agência paulista do Beron (Banco do Estado de Rondônia).
O Beron está sendo investigado pelo Banco Central por diversas operações irregulares por meio da empresa Negocial. Seu gerente João Maury Filho está foragido.
Pedro Mammana, segundo o senador Romeu Tuma, já consta da relação de pessoas que serão convocadas pela CPI dos Precatórios para prestar depoimento.
"Vamos tentar definir quem são todos os membros da quadrilha", afirmou Tuma.

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