São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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DF permitirá manifestação de sem-terra

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo do Distrito Federal não vai proibir que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realize manifestações em frente ao Congresso.
Para o governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), proibir manifestações populares em frente ao Congresso "é coisa da ditadura militar" e não terá o respaldo de sua administração.
Na semana retrasada, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA, presidente do Congresso, enviou carta a Cristovam solicitando que o uso do gramado em frente ao Parlamento fosse melhor disciplinado. Segundo o senador, a realização de manifestações e shows no local prejudica os trabalhos na Câmara e Senado.
Entre os eventos considerados "prejudiciais" ao trabalho dos parlamentares e que deveriam ser proibidos, segundo ele, estão a Micarecandanga (carnaval fora de época de Brasília), acampamentos e atos públicos barulhentos ou que usem carro de som.
ACM queria que Cristovam Buarque só admitisse manifestações "pacíficas e ordeiras" na área próxima ao Congresso.
Segundo Cristovam, as manifestações dos sem-terra que estão participando da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, Emprego e Justiça estão autorizadas, mesmo que seja utilizado carro de som.
"A polícia vai estar presente para garantir a segurança. Mas só vai interferir se houver tentativas de invadir prédios públicos", disse Cristovam.
O governador afirmou que os sem-terra não poderão usar o gramado em frente ao Congresso para acampar, mas se dispôs a encontrar um local "alternativo" para a hospedagem dos manifestantes.
Os cerca de 600 integrantes da marcha devem chegar a Brasília em 17 de abril, e a intenção da direção nacional do MST é que o gramado em frente ao Congresso vire acampamento dos sem-terra.
"Ainda não fomos procurados pelo MST para negociar o uso de qualquer espaço, mas é praxe proibir qualquer tipo de acampamento na Esplanada, porque não há estrutura no local para este fim. Poderemos ceder o ginásio de esportes ou o estádio, que tem banheiros e ficam perto da Esplanada", afirmou o governador.
Com a decisão, a única área que poderá ser fechada ao público é a que dá acesso às rampas do Congresso e que, por lei, são administradas pelos parlamentares.
ACM
ACM recebeu ontem cerca de 200 seringueiros no Salão Negro do Congresso Nacional. Ele aproveitou para dizer que também receberá os representantes dos sem-terra que devem chegar a Brasília em 17 de abril.
Ele até sugeriu o critério de formação da comissão de trabalhadores que vai receber: um grupo de cada núcleo do MST.
Só não concordou com a proposta do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) para que ele faça um pronunciamento aos trabalhadores que não puderem entrar no Congresso. "O Suplicy quer que eu leve a primeira vaia", disse, rindo.
Os seringueiros foram ao Senado pedir a interferência de ACM para que sejam recebidos pelo presidente Fernando Henrique.
Eles entregaram ao senador um documento com suas reivindicações: querem uma política para o setor, que inclua um preço mínimo para a borracha, e a modernização da atividade extrativista.

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