São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Gerente do Hospital Heliópolis é indiciada

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil indiciou ontem sob acusação de formação de quadrilha, corrupção passiva e co-autoria de falsidade ideológica Roseli Bozzi Ursi, gerente administrativa do setor de admissão e alta do Hospital Heliópolis, em São Paulo.
Roseli depôs por quase quatro horas ao delegado Romeu Tuma Júnior no inquérito que apura a atuação de quadrilhas de falsificação de atestados de óbito.
Ela é a terceira pessoa indiciada no caso -as outras são os médicos Herbert Martinez e sua mulher, Izilda Moreira Martinez. Outras sete pessoas, de uma segunda quadrilha, já estão presas.
O esquema de falsificação de atestados veio à tona no último dia 21, quando a polícia informou ter descoberto uma quadrilha que oferecia, mediante pagamento, facilidades na liberação do corpo de pessoas mortas por causas não esclarecidas no Hospital Heliópolis.
O pacote incluía atestado de óbito falsificado, liberação do corpo sem a necessidade de autópsia e caixão, com preço acima do mercado. Esse esquema favorecia funerárias de São Caetano do Sul.
Além da falsificação do atestado, a causa da morte era quase sempre a mesma, independente do motivo real. Nos atestados também constava que o paciente havia morrido no PS Municipal de São Caetano.
Anteontem, a polícia prendeu sete pessoas acusadas de pertencer a outra quadrilha, que atuaria em Carapicuíba (Grande São Paulo). Em conexão, ela investiga funcionários do IML de Osasco.
A polícia apura que o mesmo esquema tenha acontecido em pelo menos nove hospitais -Heliópolis, Ipiranga, Vila Prudente, PS Municipal de São Caetano, Beneficência Portuguesa de São Caetano, PS do Campo Limpo, Regional de Osasco, PS de Carapicuíba, PS Cohab 2 de Carapicuíba.
Contradição
No início de seu depoimento, Roseli Bozzi Ursi disse a Tuma Júnior que não sabia de nada. No entanto, a gerente administrativa do Heliópolis entrou em contradição ao dizer, mais tarde, ter ouvido algo relativo ao esquema dentro do hospital há seis meses.
Apesar das declarações, ela acabou sendo indiciada porque a polícia afirma ter provas -que não foram reveladas- contra ela.
O depoimento de Roseli terminou por volta das 21h15. A polícia ainda iria ouvir outros quatro funcionários do hospital.
Nenhum dos cinco funcionários do Heliópolis que estiveram ontem depondo na Delegacia Seccional Sul quis dar declarações à imprensa.
Ainda nesta semana, a polícia espera ouvir os médicos João Carlos Zambom e José Cláudio Sartorelli. Ambos são de São Caetano e suspeitos de participar da quadrilha que atuava no Heliópolis.

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