São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Moradores de rua aguardam ser chamados por empresas

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os internos do albergue Pedroso que passaram pelos exames de aptidão e aguardam pelas vagas nas empresas de limpeza urbana, estão apreensivos com a demora nas contratações.
As empresas Cavo, CBPO, Enterpa e Vega-Sopave reafirmaram ontem, por intermédio da assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo, Selur, que as contratações continuarão no ritmo da rotatividade das empresas, que gira em torno de 3% e 4% das equipes.
As empresas continuam afirmando que contratações em grande escala dependem de um replanejamento da limpeza urbana, que precisaria ser feito em conjunto com a Prefeitura.
Até agora, apenas CBPO e Cavo contrataram albergados. A primeira contratou duas pessoas na última quinta-feira, e a segunda, três na última sexta.
Entretanto, 129 pessoas já passaram por testes e foram consideradas aptas pelas empresas.
As cinco pessoas contratadas até agora representam 3,8% do total de pessoas avaliadas. Número que bate com os da rotatividade alegada pelas empresas.
Ontem, a Cavo anunciou que está chamando mais três albergados para contratação.
Carlos Alberto Venturelli, diretor da Limpurb, afirmou não entender o questionamento feito pelas empresas.
"O prefeito determinou a contratação, porque a cidade está suja. Se as empresas não limparem a cidade como devem vamos ter que revisar ou até cancelar os contratos delas."
Apreensão
O catarinense Jucemar Martins, 33, aprovado na Vega-Sopave, fumava um cigarro atrás do outro, ontem, no Pedroso.
"Estou esperando esse serviço como quem espera Deus na Terra. Tô preocupado porque as pessoas continuam procurando e as vagas não estão saindo."
Rubens Izaias dos Santos Dantas, 32, baiano de Salvador, disse estar apreensivo e "se nada acontecer, vou tentar um bico ou uma vaga de temporária".
O cearense João Rodrigues de Oliveira, 44, aprovado na Vega-Sopave junto com Rubens, está preocupado em frustrar seus familiares.
"Meus parentes estão confiantes em mim, não quero decepcioná-los. Além disso, meu pai, que tem 79 anos, está doente no Ceará. Preciso trabalhar para mandar dinheiro para ele."
A carioca Claudia Rodolfo Nascimento, 27, diz que conversou com outras mulheres de rua de outros albergues e que elas já não demonstram o mesmo ânimo de antes para tentar a vaga.

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