São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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País impede ação de TVs estrangeiras

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As emissoras de televisão estrangeiras foram impedidas ontem de enviar suas imagens para fora da Albânia, no primeiro dia da vigência do estado de emergência no país, decretado na véspera.
Autoridades do país mais pobre da Europa ordenaram o desligamento do canal verbalmente à empresa EBU, responsável pelo serviço. Cerca de 25 emissoras usavam o canal de satélite, entre elas a norte-americana CNN, a britânica BBC e a francesa TF1.
A segunda-feira foi tensa no país do sudeste da Europa. Os preços dos alimentos subiram entre 30% e 40%. A população se preparou para viver sua primeira noite sob toque de recolher desde a Segunda Guerra Mundial. Lojas fecharam às 15h. Escolas não funcionaram.
O motivo de tanta tensão é a crise gerada pelos protestos populares contra a quebra de bancos. O Parlamento reelegeu o presidente Sali Berisha, 52, para um novo mandato de cinco anos.
Ele foi à TV culpar serviços secretos estrangeiros e os comunistas pela tensão no país. O situação é mais grave no sul. Para Berisha, o país está à beira da guerra civil.
A maioria dos 3,5 milhões de albaneses teve prejuízos com a quebra de instituições que operavam o sistema de "pirâmides". Esse tipo de investimento previa que, de acordo com o número de participantes, os rendimentos poderiam chegar a 100% mensais.
Desde janeiro, os protestos foram passando de pacíficos a violentos até que os manifestantes começaram a se armar, no sul do país. O Parlamento deu prazo até as 14h de ontem (10h no Brasil) para que os rebeldes entregassem suas armas. A partir de então, a polícia tinha ordens para atirar indiscriminadamente neles.
Não há relatos sobre o cumprimento da ameaça. A agência "Reuter" alertou que os seus textos se baseiam só em relatos oficiais, pois há restrições ao trabalho da imprensa. O Ministério do Interior anunciou a prisão de seis pessoas em Lushnje desde a entrada em vigor do estado de emergência, à 1h (21h de domingo em Brasília), e a apreensão de armas que estavam em mãos da população.
Em Saranda os rebeldes tomaram um pequeno barco e disparavam tiros de canhão. A agência italiana "Ansa" disse que tanques foram deslocados para o sul e um correspondente da TV italiana RAI afirmou que 30 mil homens foram para a região.
O governo recomendou que os estrangeiros deixem o sul do país. Helicópteros italianos retiraram de Vlora 35 pessoas, das quais 20 italianos.
Os EUA condenaram a decretação do estado de emergência no país e a Rússia afirmou estar preocupada com os acontecimentos.

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