São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Erramos

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Por minha culpa, mestre Janio de Freitas cometeu um brutal equívoco a meu respeito em sua coluna de domingo nesta Folha. Escreveu Janio que sou "simpático confesso da reeleição de Fernando Henrique".
Nada mais falso. Sou, sim, "simpático confesso" do direito de FHC candidatar-se de novo, assim como os demais governantes de turno. O que é muito diferente de ser favorável à reeleição de qualquer um deles.
Dizer-se favorável à reeleição implica abrir o voto a favor de alguém, coisa que jamais fiz em 34 anos de atividade profissional e não pretendo fazer. Primeiro, por uma questão de convicção pessoal. Jornalista não é personalidade para sair por aí dizendo que vai votar em fulano ou beltrano. É uma questão de foro íntimo.
Por sorte, trabalho em um jornal que me obriga, por seu projeto editorial, a fazer exatamente aquilo que combina com minha convicção, ao defender a independência e o pluralismo.
Por isso, não sou nem "simpático confesso" da reeleição de FHC nem "simpático confesso" de qualquer outra candidatura. Só na hora de votar viro "simpático" a um dos candidatos, mas, de todo modo, jamais confesso qual é e ainda faço um esforço até desumano para que minha "simpatia" não contamine os textos.
Janio explica que sua dedução deveu-se a um texto meu em que defendo a reeleição de FHC. De fato, no dia 17 de janeiro, na coluna sob o título "Abra a janela, velho FHC", defendi o plebiscito sobre a reeleição e terminei o texto com a frase: "Em troca, ofereço o meu voto a favor da reeleição. Até da sua reeleição (dele, FHC), imagine".
Erro meu, por excessiva simplificação, erro infelizmente comum no jornalismo. O certo seria dizer "ofereço o meu voto a favor da emenda da reeleição, até para os atuais governantes".
Como às vezes há males que vêm para bem, agradeço ao equívoco involuntário de Janio de Freitas a oportunidade de deixar as coisas bem claras.

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