São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997 |
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A estratégia de Wagner Ramos
FERNANDO RODRIGUES Brasília - Está cada vez mais evidente que o ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo Wagner Baptista Ramos é a pessoa que tem as melhores condições de provar o envolvimento dos peixes graúdos no escândalo dos precatórios.Seu próximo depoimento na CPI pode ser bombástico. Primeiro, porque já parece estar claro que ele mentiu no seu primeiro depoimento. O valor que recebeu de comissões foi muito maior do que os R$ 150 mil declarados. Segundo, porque o ex-funcionário da Prefeitura de São Paulo dirá que Celso Pitta sempre soube de tudo. Tudo, no caso, no que se refere a ele, Wagner Ramos, prestar assessoria a outros governos. Além disso, dirá Ramos, Pitta sabia sobre seus contratos com a corretora Perfil. É óbvio que Wagner Ramos não dirá tudo o que sabe. Vai falar apenas até o ponto em que não possa ficar mais comprometido do que está. Mas o bastante para apertar e pressionar os seus ex-chefes, Pitta e Paulo Maluf. A estratégia da defesa de Wagner Ramos será transmitir a idéia de que ele é apenas um dos bagrinhos dessa história toda. Pode até ter faturado alto. Mas nem se compara ao que os tubarões embolsaram. O objetivo de Wagner Ramos será livrar a sua cara. Por isso, ele sabe que não adianta empurrar para o fundo do poço seus ex-chefes. Precisa apenas deixá-los cientes de que isso poderia acontecer num momento de desespero. Pela lógica do mentor das operações com precatórios, é melhor ter Celso Pitta e Paulo Maluf acuados do que derrotados. Acuados, seus ex-chefes poderão ajudá-lo. Derrotados, nada fariam. Se a estratégia vai dar certo ou não, é uma incógnita. Vai depender diretamente da sagacidade dos senadores que vão inquirir Wagner Ramos e da profundidade dos documentos que o Banco Central vai fornecer. Também será importante para Wagner Ramos o interesse que os senadores terão em pegar peixes grandes. Mas essa é uma outra história. Texto Anterior: Erramos Próximo Texto: Receita de esclarecimento Índice |
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