São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Maluf quer abafar assessor

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O staff do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) montou uma operação de emergência para evitar maiores prejuízos políticos com o chamado "efeito Wagner Baptista Ramos", ex-coordenador da Dívida Pública da Prefeitura de São Paulo.
A estratégia inclui uma série de ações imediatas e conta também com a ausência do ex-prefeito do território brasileiro. Maluf inicia hoje uma temporada pela Europa que pode durar até um mês.
Os malufistas ficaram assustados com a intenção de Ramos de revelar à CPI que o atual prefeito Celso Pitta (PPB) sabia de todas as suas atividades com a corretora Perfil e do serviço de assessoria feito nos negócios com títulos públicos.
No esforço de conter a ofensiva de Ramos, o grupo de Maluf tentava ainda ontem marcar uma conversa com o ex-coordenador da Dívida Pública.
O objetivo era, pelo menos, tentar saber até que ponto Ramos estaria mesmo disposto a "jogar lama" em Celso Pitta, afilhado político e sucessor de Paulo Maluf.
"Coisa do petista"
Para os políticos ligados a Maluf, a intenção de acusar o prefeito não teria saído diretamente da cabeça de Ramos. Teria sido "coisa do "petista".
É desta maneira que os malufistas se referem ao advogado Márcio Thomaz Bastos, contratado para defender o ex-coordenador da Dívida Pública da Secretaria de Finanças.
Os mesmos políticos ligados a Maluf lembram que Ramos não somente serviu a Pitta, mas também foi assessor na prefeitura de Amir Khair, secretário de Finanças da gestão de Luiza Erundina (PT).
Essa ligação do passado, na avaliação do staff de Maluf, tem servido para "silenciar" a maior parte dos petistas.
Assessoria conjunta
Como parte da estratégia para reduzir prejuízos à imagem de Pitta, ex-secretário de Finanças de Maluf, o ex-prefeito também escalou a sua própria assessoria para comandar o trabalho de comunicação.
Entrou em campo, o jornalista Adilson Laranjeira, que passou a orientar diretamente as entrevistas e declarações de Pitta, além de dar sugestões à equipe de imprensa da Prefeitura de São Paulo.
Além de todas as providências tomadas, os malufistas avaliam que Wagner Ramos não teria como provar que Pitta ou Maluf sabiam do seu contrato com a Perfil e das negociações irregulares com títulos de outros municípios.
Esse tipo de conhecimento, segundo alguns malufistas, não fica registrado em nenhum papel. Quando acontece, avaliam, fica apenas no "plano das conversas".
O grupo de Maluf conta também com o apoio do governo Fernando Henrique Cardoso para afastar a hipótese de complicações na CPI.
Na volta do passeio pela Europa, o ex-prefeito tem um encontro marcado com o presidente. O convite foi feito em telefonema do próprio FHC.

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