São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997![]() |
![]() |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Perfil e Negocial trabalhavam juntas SILVANA QUAGLIO SILVANA QUAGLIO; FRANCISCO CÂMPERA
A corretora Perfil trabalhava para a distribuidora Negocial. As duas faziam parte do esquema de negociação irregular de títulos públicos que está sendo investigado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Precatórios, no Senado. A Folha obteve contratos de investimentos feitos pela Perfil e pela Negocial com empresas "laranjas" que comprovam a ligação entre as duas instituições. Os contratos são idênticos. Se as instituições fossem concorrentes isso não aconteceria. Perfil e Negocial foram liquidadas pelo Banco Central em função das irregularidades, que deram prejuízo a Estados e municípios. A ligação da Negocial com a Perfil era conhecida do mercado financeiro, mas faltavam indícios mais concretos. Além dos documentos obtidos, o advogado da Perfil, Roberto Podval, afirmou à Folha que a Negocial apresentou à Perfil o ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo, Wagner Baptista Ramos. Ramos prestou assessoria aos bancos Vetor e Maxi-Divisa para a emissão de títulos dos Estados de Pernambuco, Santa Catarina e Alagoas para o pagamento de dívidas judiciais (precatórios). Os bancos contrataram Ramos por meio da corretora Perfil. E pagaram as comissões de R$ 41,1 milhões pelo serviço de Ramos em cheques nominativos à Perfil. O dinheiro saiu da Perfil para a conta bancária de vários "laranjas", usados pelo esquema para a "lavagem" do dinheiro. Os "laranjas" teriam sido apresentados à Perfil por Ramos, segundo Podval. A Folha tentou falar com os donos da Negocial, ontem, mas não obteve resposta. Os contratos obtidos pela Folha mostram como funcionava o esquema conhecido no mercado como operações de "esquenta-esfria". Elas fazem sumir o lucro de empresas que fraudam o Fisco. As empresas "laranjas" que forneceram os contratos pediram para não ser identificadas. Os contratos são para investimento no mercado futuro, apostando na taxa do dólar ou na taxa dos depósitos interbancários. A Negocial e a Perfil pagavam os prêmios previstos nos contratos aos "laranjas", como se sempre apostassem errado. Desta forma, forjavam prejuízo. Por meio deste esquema, a Negocial apresentou prejuízo de R$ 166,3 milhões entre julho de 94 e dezembro de 95. A Perfil e a Negocial usaram o mesmo "laranja": a SMJT Assessoria Empresarial, que recebeu da Perfil R$ 12,6 milhões e R$ 2,4 milhões da Negocial. Texto Anterior: Governo tenta abafar CPI dos Precatórios Próximo Texto: Ramos pode estar por trás de fantasmas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |