São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Ações com governo devem perder valor

DA SUCURSAL DO RIO

O preço das ações da Vale que ficarem em poder do governo após a venda do bloco de controle deverá sofrer desvalorização, ao contrário da expectativa do BNDES.
A avaliação acima, feita por setores da própria empresa, é respaldada por especialistas do mercado, como Maria Amália Coutrin, do Opportunity, e Rodrigo Marques, do Bozano, Simonsen.
A União tem 51,12% do capital da Vale, distribuídos por 75,97% das ações ordinárias e 6,31% das ações preferenciais (não votam para escolher o Conselho de Administração da empresa).
No leilão, serão vendidos 45%, no máximo, de ações ordinárias. Outros 4,45% de ordinárias vão para os empregados, junto com os 6,31% de preferenciais. Sobrarão com o governo, pelo menos, 26,52% das ordinárias.
A análise de setores contrários à privatização de dentro da Vale é que, após a venda do controle, as ações ordinárias que ficarem na mão do governo irão "micar" (ficar quase sem valor).
Isso levaria o Estado a não conseguir pela ações que possui o preço correspondente ao valor que elas têm no mercado.
"O controle tem valor. Se o que está fora vai micar, não sei", disse a analista do Opportunity. Para ela, o controle é o que mais vale para a legislação brasileira.
Na avaliação dos técnicos do BNDES, a venda do bloco de controle vai permitir uma ainda maior valorização das ações que ficarem nas mãos do governo.
Isso ocorreria por conta das ações que seriam colocadas em prática pelos controladores privados, livres das amarras do setor estatal para investir na empresa.
"É claro que, dependendo do controlador tudo se valoriza. Só não sei se no mesmo nível que o bloco de controle", diz Coutrin.
Rodrigo Marques, do Bozano, Simonsen avalia também que haverá queda no valor das ações ordinárias remanescentes da venda do bloco de controle.
"Hoje as ordinárias pagam um ágio de 13% sobre as preferenciais. Com certeza, após a venda do controle, a tendência do ágio é de acabar ou ficar negativo", disse.
Para Marques, "com certeza" o governo não conseguirá pelas ordinárias no mercado o mesmo que conseguirá no leilão de controle.

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