São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Rio não está preparado

CRISTINA RIGITANO
DA SUCURSAL DO RIO

Com poucos funcionários, muita burocracia, máquinas e instalações em estado precário, o Instituto Félix Pacheco não está preparado para a emissão da segunda via de carteiras de identidade.
A direção da entidade reconhece que não há data para o morador do Rio obter o documento.
"No momento, é inviável emitir a carteira de não-doador. Temos dificuldades em recursos humanos, equipamentos e instalações", disse o presidente da entidade, Reinaldo Russo, 43.
"Com essa lei, está todo mundo querendo tirar segunda via. Quando a nova carteira for implantada aqui, vai ser o caos. Não posso avaliar quantas pessoas pedirão segunda via. Vai ser muita gente."
A assessoria de comunicação da Polícia Civil do Rio confirmou que não há prazo para a informação constar na identidade. O Proderj (Centro de Processamento de Dados do Rio) estuda o novo modelo.
Ontem, os telefones dos 170 postos do Félix Pacheco não pararam de tocar: as pessoas queriam saber como tirar a carteira de não-doador. Russo tirou o telefone do gabinete do gancho.
Segundo ele, "muitos dos 379 funcionários do Félix Pacheco têm trabalhado aos sábados" para emitir cerca de 60 mil primeiras vias de carteiras de identidade e 20 mil segundas vias, por mês.
Ele contou que 30 deficientes físicos colavam e perfuravam a carteira. Mas a entidade não renovou o convênio com o Instituto Nacional de Surdos, sobrecarregando os funcionários.
Russo disse que só o arquivo e a impressão da carteira são informatizados. "O resto é manual. Trabalhamos com duas máquinas de perfuração em estado precário."
Uma funcionária com 30 anos de casa, que não quis ser identificada, disse que a primeira via tem demorado 90 dias e a segunda, 60. Segundo ela, antes, qualquer uma das duas costumava levar 15 dias.
Ontem, o Detran do Rio ainda emitia a carteira de habilitação com a informação "doador". Os funcionários do Detran desconheciam a mudança na legislação.

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