São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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O DESAFIO URBANO

Os dados preliminares sobre mudanças no perfil populacional das cidades brasileiras divulgados dias atrás pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ensejam algumas reflexões.
Grandes megalópoles como São Paulo e Rio de Janeiro crescem hoje num ritmo menos acelerado. Especialistas concordam que houve uma diminuição do fluxo migratório para essas cidades e que, paralelamente, houve um esgotamento físico e demográfico para o seu crescimento.
Por outro lado, cidades próximas a essas capitais experimentaram um grande incremento populacional. É o caso, por exemplo, de Guarulhos, na Grande São Paulo, que cresceu 4,31% contra uma média estadual de 1,5%, tornando-se assim já a segunda maior cidade do Estado. Técnicos explicam o fenômeno por diversos fatores, como periferização da população e desconcentração industrial.
Processos análogos vêm ocorrendo em outros grandes centros urbanos, como Campinas (SP), que também já começou a transferir parte de sua população para municípios próximos.
É evidente que essa desconcentração é desejável. É muito mais difícil proporcionar boa qualidade de vida em grandes megalópoles do que em menores centros urbanos. A desconcentração industrial (conquanto não à custa da chamada guerra fiscal) também é positiva, ao distribuir melhor a riqueza pelo país e desinchar tradicionais centros de produção.
O que é certo, porém, é que, com as devidas exceções, falta à maioria dos grandes núcleos populacionais brasileiros uma política de planejamento urbano mais clara e visando a um prazo mais dilatado no tempo.
As consequências são múltiplas e de efeitos potenciais daninhos, que vão da explosão de violência ao comprometimento dos mananciais que garantem o abastecimento de água.
Políticas urbanas são um assunto muito sério, exigem planejamento bastante longo e influem diretamente na vida do cidadão. Nunca é tarde para começar a pensar no futuro.

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