São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Office boy reforça elo entre IBF e Split

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depoimento do office boy Sandro Luís Cipriano ontem à Polícia Federal reforçou a suspeita de que a IBF Factoring é uma empresa "laranja" da distribuidora Split.
No período em que trabalhou na Split, Sandro retirou talões de cheques da IBF na agência do banco Dimensão do Itaim Bibi (bairro da zona sul de São Paulo).
"Eu ia retirar talões de cheques e os entregava para a Dalva Gonçalves", disse Sandro à Polícia Federal, referindo-se à secretária da Split.
Perícia
O relator da CPI, senador Roberto Requião, disse que perícia da PF também constatou que os cheques da IBF não era preenchidos em máquinas ou computadores da própria empresa, mas sim da Split.
O relato do office boy e a perícia da PF confirmam aquilo que, há duas semanas, havia dito à CPI o dono da IBF, Ibraim Borges Filho.
Ele afirmara que a IBF funcionava apenas como "laranja" da Split -ou seja, uma empresa de fachada para encobrir operações supostamente irregulares da Split.
Borges Filho contou que apenas assinava cheques e documentos em branco, que eram preenchidos pela Split.
Em troca, receberia comissão de 0,03% das operações.
Com capital social de apenas R$ 10 mil, A IBF movimentou R$ 123 milhões, dos quais ficou com apenas R$ 80 mil, segundo a PF.
Ontem, depôs na CPI o sócio majoritário da Split, Enrico Piccioto, que negou que sua empresa fosse a verdadeira proprietária da IBF Factoring.
Piccioto alegou que Borges Filho, embora não o conhecesse, comparecia frequentemente à Split para propor negócios.
Contatos
Nesses contatos, Borges Filho teria conhecido Dalva, a secretária da Split.
Ela teria se disposto a prestar favores para a IBF, como a busca de talões de cheques.
A CPI resolveu fazer uma acareação com esses personagens na quarta que vem.
Para checar quem está mentindo, serão colocados frente a frente Sandro, Dalva, Borges Filho, Piccioto e outro ex-office boy da Split, Alex Sandro dos Santos.
Requião afirmou ter estranhado o fato de esses funcionários terem sido demitidos da Split em dezembro passado, época em que foi instalada a CPI.
Ao procurar estabelecer as reais ligações entre a IBF e a Split, os senadores têm o objetivo de identificar quem realmente liderava o "esquema do deságio".
Compra e venda
Essa parte do esquema cuidava da compra e venda sucessiva de títulos públicos para fabricar lucros.
Exemplo: uma empresa do esquema comprava título com 20% de deságio (desconto).
Depois, revendia artificialmente os títulos para empresas de fachada, sempre reduzindo o deságio.
Ao final, os papéis eram revendidos a um fundo de pensão ou grande banco. Só que o deságio final era de, por exemplo, 7%. A diferença de 13 pontos percentuais era embolsada pelas empresas do esquema.
Piccioto negou qualquer relação com o ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo Wagner Baptista Ramos, com o atual prefeito Celso Pitta e o ex-prefeito Paulo Maluf.

Texto Anterior: Proposta impede qualquer emissão
Próximo Texto: 'Laranjas' da Split
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.