São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Lobby une católicos e evangélicos

Pressão é contrária a projeto

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Padres católicos e pastores evangélicos se uniram para pressionar deputados a votar contra o projeto que cria o registro em cartório da união de pessoas do mesmo sexo.
O lobby religioso inclui telefonemas e cartas enviadas aos gabinetes no Congresso, além do assédio dos devotos durante visitas dos deputados a suas bases eleitorais.
O projeto da união gay, de autoria da deputada Marta Suplicy (PT-SP), foi aprovado em dezembro pela comissão especial. Desde então, sua votação pelo plenário tem sido adiada. A atual previsão é 5 de abril.
O líder do PTB na Câmara, Paulo Heslander (MG), disse que nunca foi tão pressionado.
"Só de prefeitos, já tive que receber oito este ano querendo conversar sobre esse assunto. Os padres das igrejas da minha base não param de me ligar."
Heslander afirmou que o debate sobre a "parceria civil registrada", nome oficial da união gay, tomou mais seu tempo do que a reeleição.
A justificativa de Marta Suplicy é que os deputados precisam de mais explicações para "absorver" a idéia. Na quarta-feira, ela se reúne com a bancada pefelista para dar uma "aula" sobre o assunto.
O encontro foi acertado pelo líder do partido, Inocêncio Oliveira (PE), e o ex-presidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). Ambos se dizem "simpáticos" à proposta.
Inocêncio se diz vítima do lobby. Apesar de reconhecer que o projeto "tem méritos", ele disse ontem não saber "se o país está preparado para avanços dessa natureza".
Declarando-se favorável, o deputado Ubiratan Aguiar (PSDB-CE) contou que recebeu cartas de evangélicos do interior do Estado exigindo "posições mais lúcidas sobre o tema".
Na avaliação do secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Raimundo Damasceno, "a reação da comunidade mostra que há sintonia com a igreja", que é contrária.
O projeto garante os direitos à herança, aos benefícios previdenciários, à composição de renda para financiamento da casa própria e a declaração conjunta de Imposto de Renda. É proibida a adoção de crianças e a tutela de filhos de um dos parceiros.

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