São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Nível de emprego cai mais 0,5% em janeiro e surpreende a CNI

Queda ocorre há 21 meses, com exceção de setembro de 96

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A manutenção do desemprego na indústria em janeiro decepcionou a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que esperava o início da reversão desse indicador, segundo o chefe do departamento econômico da entidade, José Guilherme Almeida dos Reis.
Em comparação com dezembro, houve queda de 0,52% nos empregos industriais, enquanto em comparação com janeiro do ano passado a diminuição de postos de trabalho no setor foi de 4,28%. Com exceção de setembro do ano passado, vem havendo queda no emprego há 21 meses consecutivos.
"Estou impressionado. Eu tinha uma alta expectativa que o emprego fosse ter desempenho melhor", disse Reis. Para ele, no primeiro semestre o índice com certeza fechará negativo. No ano, prevendo um crescimento de 4% do PIB (Produto Interno Bruto), deverá fechar com queda de 1%.
Em São Paulo, em comparação com janeiro do ano passado, o nível de emprego caiu 5,81%, acima da média nacional, mas, em janeiro, caiu 0,41%, ligeiramente melhor que a média nacional.
Mantém-se a tendência de grande crescimento das vendas em comparação com o ano anterior, mas, mesmo assim, mostrando uma pequena tendência de queda.
Na comparação com janeiro do ano passado, as vendas industriais cresceram 10,55%. Em novembro, o índice beirava os 13% e em dezembro foi de 11%.
O aumento das vendas industriais se deve, segundo o economista da CNI, à bem-sucedida promoção de preços de automóveis e a um aquecimento da venda de máquinas e equipamentos agrícolas.
Em comparação com dezembro, as vendas cresceram, em janeiro, 0,83%. Em São Paulo, as vendas aumentaram 1,93% em relação a dezembro e 11,74% em comparação com janeiro de 1996.
Também houve crescimento, no país, das horas trabalhadas em janeiro ante dezembro (2,72%), enquanto em comparação com janeiro de 96 houve queda de 2,28%. A razão do crescimento no mês, segundo Reis, é que Natal e Ano Novo caíram no meio de semana e muitas indústrias deram férias coletivas no período.
Em São Paulo, comparando com dezembro, houve aumento de 1,20% nas horas trabalhadas e, ante janeiro de 1996, queda de 3,44%.
Os salários líquidos reais tiveram queda de 2,13% em comparação com dezembro, o que é considerado normal, pois no último mês do ano há pagamento de 13º salário.
Na comparação com janeiro do ano passado, há aumento do salário de 2,58%. Os salários caíram em São Paulo tanto em comparação com o mês anterior (2,75%) quanto em relação a janeiro de 1996 (1,04%).
A utilização da capacidade instalada da indústria vem mantendo o mesmo patamar. Em dezembro e janeiro, foi de 77,6%. Em janeiro de 1996, havia sido de 75,6%.
Segundo Reis, o fato de não haver aumento de pessoal e de a capacidade instalada se manter a mesma mostra que não há aquecimento exagerado da economia.

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