São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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'Triunvirato' da CBV vai julgar Carlão

'Bolada' pode render suspensão

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) formou um triunvirato para decidir sobre a punição que poderá ser aplicada ao atacante Carlão, do Chapecó e seleção brasileira.
Anteontem, na partida contra o Banespa, em que o Chapecó conseguiu igualar o confronto semifinal da Superliga, após não conseguir fazer uma defesa, o atacante chutou a bola em direção da arquibancada.
Acabou atingindo fortemente o rosto da mulher de Gílson, seu companheiro de clube e seleção.
O incidente será analisado hoje pela CBV.
Normalmente, a definição sobre aplicação de pena ou não ao atleta é feita pelo diretor de eventos da entidade, Roberto Osíres Silva. Ele decidiu consultar Paulo Márcio, coordenador das seleções e Marcos Pina, superintendente-geral da CBV. E depois submeter ao presidente, Ary da Graça Filho.
"Qualquer decisão será tomada apenas com base no regulamento. Mas preferi não fazer a análise sozinho", disse Roberto Osíres.
O atacante já havia sido suspenso por quatro jogos nesta Superliga, devido a desentendimentos com a arbitragem. No ano passado, também foi suspenso por um ano das competições organizadas pela Secretaria Estadual de Esportes de São Paulo por brigar em jogo.
Carlão viajou ontem para o Rio, onde moram a mulher, Gilda, e seus dois filhos e hoje retorna a São Paulo para retomar os treinos para a partida de quinta-feira.
"Não sou um atleta indisciplinado. Esse ano está sendo atípico para mim. Mas eu nunca tive problemas em minha carreira".
A seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu à Folha, por telefone:
*
Folha - Um dia após o jogo, que análise você faz de sua atitude?
Carlão Em relação ao chute na bola, é óbvio que eu não tinha intenção de acertar ninguém, muito menos a mulher do Gílson. Foi um lance infeliz de minha parte. Eu estava chateado com minha equipe e acabei fazendo a besteira.
Folha - Você já foi suspenso por indisciplina nesta Superliga e também por brigar durante os Jogos Abertos do Interior. Não teme ficar "marcado"como indisciplinado?
Carlão - Não, não, eu nunca tive nenhum tipo de problemas. Joguei quatro anos na Itália e o máximo que eu recebia era um cartão amarelo (advertência).
Eu sou um jogador que tem essa característica de, de repente, me exaltar. Mas essa é a minha forma de jogar. Eu sempre fui assim e não vou mudar.
Folha - Você já pensou em procurar psicólogo ou fazer terapia?
Carlão - Eu não preciso disso, não. A gente já fez um trabalho com psicólogos na seleção. Não tenho nada contra.
Folha - Você é o capitão da seleção brasileira. Atitudes como essa não podem prejudicar sua ascendência sobre os demais jogadores?
Carlão - Eu sei que o capitão tem que ter um comportamento exemplar. As pessoas não entendem que nós também temos problemas. Poucos jogadores dão tanto retorno para o clube como eu. Até hoje estou tentando receber o dinheiro de clubes onde joguei.
Estamos tendo problemas no Chapecó, também com relação a salários. E minha mulher está enfrentando uma gravidez de risco.
Folha - Como está seu relacionamento com o Gílson?
Carlão - O Gílson ficou um pouco chateado, óbvio. Mas acho que ele vai entender.
Folha - Acredita que será inocentado pela CBV?
Carlão - Eu espero que sim. Todo mundo viu que foi um lance casual. Eu não quero ficar fora do próximo jogo.

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