São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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US$ 2,5 milhões trouxeram Monet ao Rio

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Quando os presidentes da França, Jacques Chirac, e do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, inaugurarem amanhã no Rio de Janeiro a mostra de obras do pintor francês Claude Monet (1840-1926), estarão abrindo a mais cara exposição já montada no país.
Foram gastos US$ 2,5 milhões para preparar o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA, no centro do Rio) e trazer as 31 telas de Monet (entre elas, oito caricaturas), além de nove telas de impressionistas como Renoir, Sisley e Morisot, do acervo do museu Marmottan-Monet, de Paris.
Desse total, US$ 1 milhão foram gastos apenas em reformas no Museu. O restante cobre custos de transporte e de seguro das obras.
A galeria Século 19, a maior do MNBA, com cerca de 2 mil metros quadrados e um pé direito de oito metros, foi totalmente climatizada para receber as telas.
A climatização -que deixa a galeria com temperatura de 22 graus centígrados e umidade relativa do ar de 55%- foi condição fundamental imposta pela direção do Marmottan para que os quadros pudessem sair de Paris.
Além das obras vindas da França, a exposição conta com seis telas emprestadas pelo Masp: duas de Monet, três de Renoir e uma de Edouard Manet. Outras três -duas telas de Eugène Boudin e uma de Alfred Sisley- são do acervo do próprio MNBA.
Depois do Rio, onde fica até 19 de maio, a Exposição Monet vai a SP. De 28 de maio a 28 de julho será a vez do Masp abrigar a mostra.
"É a primeira vez que a América Latina recebe exposição tão grande de um gênio da pintura como Monet", diz o adido cultural da França no Rio, Romaric Sulger Byuel, 44.
As obras no MNBA abrem as portas para novas mostras: a direção do Museu negocia agora a vinda de parte do acervo do Centro Georges Pompidou, em Paris, que será fechado para reforma.
Obras
As 31 obras do pintor impressionista Claude Monet que estarão expostas no Rio a partir de amanhã cobrem um período significativo do trabalho do artista.
São 23 telas, quase todas produzidas durante o período em que o pintor viveu em Giverny, cidade a 75 km de Paris, e oito caricaturas que mostram uma faceta pouco conhecida do autor -foram feitas no período em que ele vivia com a família em Le Havre.
Na entrada da Galeria do Século 19, "Nympheas" (1916-1919), um quadro de grandes dimensões (2m x 1,8m) abre a sequência de telas retratando as plantas aquáticas que marcou a produção de Monet nos últimos anos de sua vida.
Logo depois está "Printemps Travers Les Branches" (1878), a única da exposição não produzida durante o período de Giverny, para onde Monet se mudou, em 1883.
A exposição segue com "Le Saule Pleuer" (1917-1919), uma sequência de ninféias pintadas entre 1903 e 1917, "Agapanthes"(1916-1917) e "Glycines"(1919-1920) -dois quadros de grandes dimensões, também voltados para a natureza dos jardins criados por Monet.
Dois quadros da série "Lállée des Rosiers" (1922), mais os "La Maison de l'Artiste Vue du Jardin aux Roses" (1922-1924), "La Maison de Giverny Vue du Jardin aux Roses" (1922-1924) e "Le Jardin a Giverny"(1922-1926), mostram a aproximação com cores fortes e traços beirando o abstracionismo.
A sequência é surpreendente: Monet utiliza tons de vermelho e amarelo no lugar dos pastéis característicos do impressionismo. As telas foram pintadas quando a visão de Monet já estava afetada pela catarata que quase o cegou.
O MNBA montou uma sala com fotos de Monet e sua família na casa de Giverny. Textos colocados em painéis contam a história do pintor e do impressionismo. O museu exibe também objetos pessoais de Monet, como óculos, caneta tinteiro e outros itens.

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