São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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O Sol por testemunha

DA REDAÇÃO

O que não falta, hoje em dia, é gente amaldiçoando J.G. Ballard, autor do livro que deu origem a "Crash", o magnífico, de David Cronenberg.
O mesmo Ballard serviu, há nove anos, como base a "O Império do Sol" (HBO, 12h45), de Steven Spielberg. Ele estava fora de seu registro habitual (a ficção científica), mas contando sua aventura de menino, durante a Segunda Guerra.
É uma ficção mais que científica, escrita 40 anos após ter acontecido. Segundo Ballard, foram precisos "vinte anos para esquecer, e mais vinte anos para lembrar".
Nada mais justo: na China, um menino de 11 anos perde-se de seus pais na confusão pós-Pearl Harbor. Tenta se entregar ao ocupante japonês, passa fome, é preso etc. Essa epopéia mais que cinematográfica tem apenas um problema. Embora Spielberg esteja à vontade com o personagem (uma criança, como ele gosta), "O Império do Sol" sofre de certo empolamento. Spielberg precisava, na época, se firmar como diretor de filmes "sérios", concorrer ao Oscar, essas coisas.
Spielberg só se livrou do trauma em 1993, com "A Lista de Schindler". "O Império do Sol" ficou como um filme em que a aventura insólita e a competência superam largamente seus defeitos.

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