São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Enfrentamento agrava a crise

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Palestinos e israelenses entraram em choque ontem na Cisjordânia, acentuando uma crise que o próprio líder Iasser Arafat apontou como grave.
O estopim dela é a decisão israelense de entregar apenas 9% da Cisjordânia, em áreas rurais, na atual etapa dos acordos de paz. Os palestinos queriam 30%.
Testemunhas disseram que 150 soldados israelenses entraram em conflito com um grupo de 100 palestinos que tentava deter a construção de um estrada para colonos judeus nos arredores de Hebron.
Renúncia
A crise -que envolve também a decisão de Israel de construir 6.500 casas em Har Homa, um bairro de Jerusalém oriental, e a ordem de fechamento de quatro escritórios palestinos na cidade- levou à renúncia ontem de Mahmud Abbas da chefia da delegação palestina nas negociações.
Abbas, conhecido com Abu Mazen, 62, foi um dos responsáveis pelas negociações que levaram aos acordos de paz entre palestinos e israelenses, em 1993.
A retirada está parada, provavelmente até que os palestinos concordem com os termos de Israel.
Horas depois dos choques, o ministro da Defesa israelense, Yitzhak Mordechai, se reuniu com o ministro palestino da Informação, Iasser Abed Rabbo, em uma tentativa de diminuir a tensão.
Rabbo disse que os eventos dos últimos dias podem levar à repetição da violência de setembro, quando palestinos protestaram contra a abertura de um túnel arqueológico perto de uma mesquita importante de Jerusalém.
"É uma questão de implementação israelense, não de negociação palestino-israelense", disse Dore Gold, assessor do premiê Binyamin Netanyahu, sobre a retirada.
O primeiro-ministro israelense chegou ontem a Moscou. É a primeira visita dele à Rússia desde que assumiu o cargo, no ano passado.
Ele deve se encontrar hoje com o presidente Boris Ieltsin e com o premiê Viktor Tchernomirdin.
Nessa viagem, Netanyahu deve buscar apoio russo a sua política em relação aos palestinos -em um momento em que ele vem sendo frequentemente pressionado pelos EUA. Já a Rússia vai tentar retomar seu papel de mediador importante na região, hoje concentrado em mãos dos norte-americanos.

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