São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Fraude atinge outros papéis, diz banqueiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O dono do Banco Vetor, Fábio Nahoum, disse ontem que o esquema de operações fraudulentas com títulos vai além dos negócios relacionados a precatórios (dívidas judiciais) e inclui também títulos federais e outros papéis de empresas estatais.
"Tudo isso aqui sobre precatórios é uma parte pequena do mercado", disse Nahoum durante depoimento na CPI dos Precatórios.
Essa é a primeira vez que um suposto envolvido no esquema dos títulos confirma que a atuação do grupo excede os papéis estaduais e municipais investigados pela CPI.
Ao generalizar os campos de atuação desse esquema, Nahoum incentivou os senadores a convocar os grandes bancos e fundos de pensão para que expliquem por que compraram títulos com deságios menores que os conseguidos pelas pequenas instituições.
Já haviam chegado à CPI indícios de que empresas do esquema operaram com debêntures (títulos de empresas) emitidas por estatais e até mesmo por companhias privadas.
A fiscalização do Banco Central também investiga operações de empresas do esquema com títulos de cinco Estados (Rio, Sergipe, Paraíba, Mato Grosso e Goiás) não relacionados a precatórios.
Nahoum disse que essa rede "não é privilégio de títulos de precatórios" e deu a entender que sabe mais sobre o esquema.
"Não tenho acusação aqui para fazer porque não interessa para minha instituição", disse Nahoum, mencionando que a própria CPI identificou casos em que houve deságios suspeitos na compra de títulos federais.
Teoricamente, os títulos federais são vendidos em leilões altamente competitivos.
É o papel nacional com o menor risco, e as emissões são divulgadas previamente no sistema eletrônico do Banco Central e no "Diário Oficial" da União.
Deságio
Ao revelar o esquema com títulos federais e debêntures, Nahoum tinha o interesse de afastar de sua instituição a responsabilidade sobre a "corrente da felicidade" que faz compras e vendas artificiais para fabricar lucros.
Por esse esquema, uma empresa compra um título com um grande desconto -de 20%, por exemplo. Depois o título é de forma fictícia revendido entre empresas do grupo, sempre reduzindo o desconto.
Ao final, o título é vendido para um investidor institucional, como um grande banco ou fundo de pensão. Só que o deságio é menor -de 7%, por exemplo. A diferença, no caso de 13 pontos percentuais, fica com o esquema.

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