São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Chirac quer estreitar relação entre Mercosul e Europa

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da França, Jacques Chirac, em visita de três dias ao Brasil, propôs ontem que o Mercosul e a União Européia se reúnam, ano que vem, para "buscar soluções novas para alguns problemas antigos", como os da agricultura.
Essa reunião serviria para que os dois blocos econômicos acertem suas posições antes de chegar à super-reunião da Organização Mundial do Comércio, em novembro de 1999. "Seria a primeira etapa de um processo programático", disse o presidente francês, em cerimônia no Palácio do Planalto.
A proposta da reunião prévia, segundo Chirac, já foi aprovada pelos presidentes da Espanha e de Portugal, com quem ele conversou. Fernando Henrique Cardoso achou "positiva" a proposta e ofereceu o Rio de Janeiro para ser a sede do encontro, no segundo semestre de 1998.
Os dois blocos econômicos têm interesses e uma série de problemas em comum, especialmente na questão agrícola. Os países do Mercosul reclamam especialmente dos subsídios que os países europeus dão aos seus produtores, tornando os preços dos produtos europeus abaixo da faixa de competição, e da preferência dada por eles a regiões de colonização européia, como as africanas.
Por sua vez, os europeus reclamam da qualidade dos produtos dos países sul-americanos, e por isso impõem barreiras fito-sanitárias que, em muitos casos, tornam inviáveis as exportações.
Segundo o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, o presidente francês disse a FHC que os problemas na área agrícola "estão presos a um sistema intelectual falso, porque de um lado há fome no mundo, enquanto há capacidade produtiva de outro". Para Chirac, seria preciso estabelecer regras comuns para a agricultura.
O chefe de Estado francês propôs que a reunião tenha duas fases. Num dia, a discussão ficaria restrita aos 15 países da União Européia e aos 4 do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). No dia seguinte, a reunião seria ampliada para os demais países da Europa e da América Latina.
Além da discussão do tema agrícola, a reunião serviria para três outros pontos: intercâmbio e aprofundamento político, investimentos da Europa no Mercosul e uma cooperação mais ampla na área de educação e conhecimento.
Antes desse encontro no ano que vem, o Brasil e a França realizarão uma conferência geral -prevista para o final deste ano-, quando os dois países tratarão de questões bilaterais, como cooperação nas áreas de defesa, aeroespacial, agroindústria e audiovisual.

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