São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997 |
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Mortes por Aids caem pela 1ª vez em SP
AURELIANO BIANCARELLI
Os números foram levantados pelo Pró-Aim, um programa de controle das causas da mortalidade na capital feito pela Prefeitura de São Paulo. "O recuo nos óbitos masculinos já vinha acontecendo desde 1995, mas este foi o primeiro ano em que registramos uma queda no total de vítimas fatais", disse Marcos Drumond, médico do Pró-Aim. Quedas semelhantes vêm sendo detectadas em cidades como Ribeirão Preto, Santos e Franca. Segundo o Ministério da Saúde, essa é tendência deve se espalhar por todo o país no próximo ano. A queda no número de mortos, na verdade, espelha a curva das infecções ocorridas num período entre seis e dez anos atrás. E reflete, sobretudo, uma queda no número de infecções e um aumento na sobrevida dos doentes. Na Casa da Aids, um serviço ligado ao Hospital das Clínicas de São Paulo, a fila de doentes praticamente desapareceu, diz Marcos Boulos, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da USP. "No ano passado, tínhamos sempre 10 pacientes internados e outros 15 esperando vagas." Em seu consultório particular, Boulos diz que não interna um único paciente desde maio do ano passado. O médico diz que a redução nas internações significarão uma grande economia para o Estado. "Dois dias de internação saem mais caro que os R$ 1.000 que custam um mês de medicamento." A terapia tríplice, conhecida como coquetel, vem sendo distribuída na rede pública desde meados de dezembro. Pacientes particulares já vinham comprando o remédio desde o início do ano passado. E centenas de doentes já estavam recebendo os remédios por conta de protocolos de pesquisa. No Hospital Emílio Ribas, que recebe o maior número de doentes, os efeitos das novas drogas ainda não foram sentidos. "A procura ainda não diminuiu nem temos leitos sobrando", diz Ricardo Minkoves, superintendente da equipe médica do Emílio Ribas. "Mas é certo que o coquetel vai trazer resultados em breve." A queda no número de mortes e de internações poderia ser duplamente comemorada se houvesse também um recuo no número de infecções. Mas não é isso que vem acontecendo, alertam os especialistas. O número de casos notificados -pessoas que estão caindo doente- continua crescendo, principalmente entre as mulheres mais pobres (leia texto na página). "Pode-se falar em redução na velocidade da infecção, mas não em um recuo da epidemia", diz Naila Janilde Seabra Santos, diretora do centro de referência em Aids da Secretaria da Saúde. Próximo Texto: Cresce mortalidade entre mulheres mais pobres Índice |
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