São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Governo recolhe 3,6 milhões de vacinas

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal determinou ontem a suspensão da aplicação de 3,63 milhões de doses de vacina tríplice (contra difteria, tétano e coqueluche) que haviam sido importados da Índia.
Foi constatado que a toxidade de dois lotes analisados estava acima do normal, aumentando o número de crianças com reações adversas graves.
São consideradas reações graves febre alta (acima de 40°C) e abscessos no local da vacina. Febre branda e dor são reações normais e não devem preocupar os pais.
Desde o fim de janeiro, haviam sido notificados pelo menos 50 casos de crianças que apresentaram reações adversas à vacina em 11 Estados e no Distrito Federal.
Com a suspensão, oito Estados ficarão temporariamente desabastecidos (Santa Catarina, Maranhão, Piauí, Goiás, Roraima, Alagoas, Ceará e Pernambuco).
Na segunda-feira, o Instituto Butantan entregará 400 mil doses da vacina, que serão distribuídas prioritariamente a esses Estados.
Os demais Estados não ficarão desabastecidos porque ainda têm doses da tríplice produzida pelo Butantan.
Para que não falte vacina até o fim do ano, serão comprados 6 milhões de doses em caráter emergencial (sem licitação). O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) deverá emprestar 1 milhão de doses para garantir a vacinação no mês de março.
A decisão de suspender a aplicação das vacinas indianas foi tomada depois que o INCQS (Instituto Nacional de controle de Qualidade da Saúde) testou 1,9 milhão de doses em camundongos e cobaias. Elas foram reprovadas porque as cobaias perderam peso e apetite em escala maior do que a esperada.
As vacinas indianas haviam sido testadas ao entrar no Brasil, mas só 1 dos 8 lotes comprados foi reprovado antes de ser distribuído. Como os casos de reações adversas graves estavam acima do normal, o ministério pediu um reteste, quando foi detectado o problema.
"Vamos solicitar à OMS (Organização Mundial da Saúde) que torne mais rígidas as normas usadas para aprovar a tríplice. No primeiro exame seguimos a determinação à risca e não foi constatado problema nenhum", afirmou Elisa de Sá, presidente da FNS (Fundação Nacional da Saúde).
O Brasil consome por mês uma média de 2 milhões de doses de DPT (a tríplice). No ano passado, foram comprados 11 milhões de doses -de um laboratório suíço e de um indiano. O Butantan produziu 10 milhões de doses.
As doses da DPT suíça já haviam sido tiradas dos postos de saúde em dezembro. Não foi feito exame nas vacinas suíças antes da distribuição porque, por problemas na licitação, havia desabastecimento.

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