São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997 |
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Delegado é preso sob acusação de extorsão
OTÁVIO CABRAL
A prisão aconteceu ontem de madrugada, no interior do 54º Distrito Policial, em Cidade Tiradentes (zona leste de São Paulo). Segundo a Corregedoria da Polícia Civil, o dinheiro serviria para o delegado indiciar Givaldo Vasconcelos Fernandes, 39, detido com 27 gramas de maconha, por porte de drogas, e não por tráfico. Como usuário de drogas, ele pagaria fiança e responderia processo em liberdade, podendo pegar de 6 meses a 2 anos de prisão. Como traficante, Fernandes ficaria sujeito a uma pena de 3 a 15 anos e não poderia responder em liberdade. O escrivão Ricardo Batista da Silva Mano, 31, também foi preso sob a mesma acusação. A advogada Jucielda Marques da Silva, 32, defensora de Fernandes, foi presa por corrupção ativa, pois teria entregado o dinheiro aos policiais. A corregedoria apreendeu com o delegado R$ 2.250. O escrivão tinha R$ 550 em dinheiro e um cheque de R$ 100 e a advogada, R$ 4.000 em cheques. No cesto de lixo da sala do delegado, foi encontrado, rasgado, o boletim de ocorrência e o auto de prisão em flagrante de Fernandes por tráfico de drogas. Em depoimento na Corregedoria da Polícia Civil, o delegado negou que tenha extorquido R$ 7.000 do acusado. Segundo o delegado Milton da Silva Ângelo, ele disse que recebeu o dinheiro apreendido como pagamento de um serviço de contabilidade que fez para uma empresa. Ele confirmou que mudou a autuação para porte de drogas porque o tráfico não foi caracterizado e porque havia pouca droga. A PM prendeu o suposto traficante em seu bar na terça, após receber denúncia de um viciado. Segundo o tenente Carlos Von Borell, a droga estava embalada em pequenas porções, o que caracterizaria o tráfico. Fernandes foi levado ao 54º DP. "O delegado concordou com o argumento e estava decidido a autuá-lo por tráfico. Mas a advogada chegou e ele se trancou na sala com ela", afirmou Von Borell. Segundo o tenente, após se reunir com a advogada e familiares do acusado até as 21h, o delegado falou que receberia R$ 7.000 para autuar o acusado por tráfico e propôs dividir o dinheiro com os PMs. "Eu disse que aceitava a proposta, mas saí da delegacia e liguei para a corregedoria", disse. Por volta das 2h, o delegado Milton da Silva Ângelo, da corregedoria, acompanhado por dois investigadores, entrou na delegacia. Quando viu Ângelo, o delegado ainda tentou esconder o dinheiro dentro da calça, mas acabou preso em flagrante junto com o escrivão. Ambos foram autuados por concussão (crime do funcionário público que exige suborno). Texto Anterior: Empresa contesta na Justiça edital para a coleta de lixo hospitalar Próximo Texto: Polícia prende acusado de assaltar mais de cem carteiros Índice |
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