São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Manifestação zulu provoca três mortes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma manifestação da etnia zulu em Johannesburgo (África do Sul) transformou-se em uma série de tumultos que deixou três mortos e 14 feridos. O ato comemorava os três anos de outra onda de violência, que deixou mais de 50 mortos.
Mais de 12 mil zulus tomaram as principais ruas de Johannesburgo, vigiados por 2.000 policiais.
O porta-voz da polícia, Chris Wilken, disse que 12 pessoas foram feridas a tiros e 2 com golpes de flechas que os zulus usavam como adereço típico.
A violência começou já pela manhã, no subúrbio negro de Soweto. Houve disparos a partir de albergues para trabalhadores. Duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas -inclusive um garoto de 15 anos.
Houve tiroteios também nas estações de trem que ligam Soweto ao centro de Johannesburgo. Na estação central, balas perdidas mataram mais uma pessoa.
Testemunhas disseram que, durante o ato, houve tiroteios entre policiais e manifestantes, causando pânico. A polícia nega.
O príncipe Vanana Zulu, que falou no comício, reclamou do fato de que até hoje não houve presos pelas mortes de 1994.
Aqueles incidentes começaram quando guardas mataram oito zulus em frente à Shell House, sede do Congresso Nacional Africano (CNA), partido do então candidato presidencial Nelson Mandela.
Novas marchas de protesto se seguiram, com novos choques entre seguidores do Inkatha (o partido zulu) e do CNA. No total, foram pelo menos 55 mortos.
Os choques entre as duas principais facções negras do país aconteceram dias antes da primeira eleição multirracial da África do Sul, que elegeu Mandela. Meses depois, ele disse ao Parlamento que ordenara que os seguranças usassem a força para proteger a sede do partido. Ninguém foi julgado.
"Pedimos que o presidente Mandela seja julgado pelo massacre na Shell House, porque ele comandava os soldados que mataram pessoas inocentes", disse Swear Manqele, membro de uma milícia zulu.
A polícia disse que prendeu dois suspeitos a partir de gravações em vídeo de parte dos incidentes da manifestação de ontem. Não há informações sobre os presos.

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