São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997
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Programa de prevenção não pode ser dirigida só à mulher

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Programas de prevenção direcionados apenas para as mulheres correm o risco de fracassar. "Para trabalhar e convencer a mulher, é preciso também trabalhar o homem", diz Terezinha Reis Pinto, presidente da Apta, Associação para a Prevenção e Tratamento da Aids, de São Paulo. Afinal -ela diz-, "quem vai ter de pôr a camisinha é o homem".
Segundo Terezinha, a Apta organiza oficinas de sexo seguro para mulheres, mas muitas delas abandonam os programas pressionadas por seus maridos. "Homem não quer ver sua mulher discutindo sexo na ausência dele", afirma.
A situação na classe média não é menos dramática, diz Terezinha. "A dependência emocional da mulher é muito forte, o que dificulta nas negociações."
Quando é infectada ou sabe que o marido se infectou, essas mulheres se enchem de "um profundo sentimento de vergonha e culpa". "A vergonha é por se sentirem traídas, e a culpa é por acharem que não fizeram o bastante para impedir que ela e o marido se infectassem."
Um estudo feito pela médica Naila Janilde Seabra Santos, da Secretaria da Saúde, mostra que, de um total de 1.224 que se infectaram por via sexual, 536 disseram ter um parceiro único no momento da notificação da infecção. Esse número significa 43,8% do total.
Alexandre Grangeiro, técnico da coordenação do programa de Aids do Estado, diz que os trabalhos de prevenção com melhores resultados são aqueles baseados nos "pares sociais" -informação passada, por exemplo, de um usuário de droga a outro, ou por uma mulher a outra ou a seu marido.
(AB)

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