São Paulo, domingo, 16 de março de 1997 |
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Vereador segura CPI para manter regionais JOÃO BATISTA NATALI e MARCIO AITH JOÃO BATISTA NATALI; MARCIO AITH
A investigação no Senado sobre a emissão de títulos públicos paulistanos para o pagamento de precatórios radicalizou uma forma antiga de relacionamento entre prefeitura e Câmara Municipal. Os vereadores poderiam, em princípio, votar a criação de uma comissão de inquérito. Mas a Folha apurou que não o fazem porque o prefeito Celso Pitta, em caso de cisão da bancada governista, retiraria dos dissidentes as administrações regionais que já distribuiu. Há cerca de um mês, a situação era outra. Havia uma guerra não declarada entre os vereadores governistas e José Roberto Blum, secretário das Administrações Regionais (ARs). Blum queria instituir uma "coordenadoria comunitária" em cada uma das 26 ARs paulistanas. Elas neutralizariam o poder dos administradores indicados pelos vereadores do PPB, PFL e PL. "O prefeito entrega as chaves da regional ao vereador, que em troca aprova tudo o que o prefeito quer. É por isso que a Câmara é submissa, acocorada", diz o ex-vereador Gabriel Ortega (PSDB). Outro ex-vereador, Chico Whitaker (PT), diz que, ao distribuir ARs, o prefeito virou "refém" dos vereadores, que exercem "chantagem" (ameaçam investigar os precatórios) e instrumentalizam as ARs para se reeleger. Nem todos assumem publicamente o fato de serem "donos" de uma regional. Hanna Gharib (PPB) nega que tenha recebido de Maluf a Administração Regional da Sé, chefiada por seu cunhado, Victor David. David foi destituído em 96 e está sendo processado por suposta corrupção, com base em denúncia feita pelo promotor que acompanhou, em 1995, a CPI sobre extorsão de vendedores ambulantes. Outro vereador, Wadih Mutran (PPB), diz não ser dono da AR de Vila Maria. Bem mais sincero é Vicente Viscome (PPB): "Eu estou em São Mateus. Graças a Deus eu fiz uma bela gestão. Sou querido. Canalizei vários córregos, asfaltei ruas. Foi tudo trabalho meu", diz. O decano da Câmara Municipal, Brasil Vita (PPB), é objeto de inquérito na Polícia Federal (o de nº 1.0130/96), determinado pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral, por despachar no ano passado com eleitores em "sua" regional, a do Butantã. Procurado pela Folha, ele disse que não se pronunciaria. O presidente da Câmara, Nello Rodolpho (PPB), diz apenas ter "certa influência" na AR de Santana. A Folha apurou que, em telefonema a Edvaldo Alves da Silva, secretário de Governo, ele chegou a pedir a cabeça do secretário José Roberto Blum, sob o argumento de que as coordenadorias comunitárias representavam, de fato, uma intervenção branca nas regionais. Texto Anterior: Secretária faz crítica à visão de militantes Próximo Texto: Fantasmas assombraram presidência Índice |
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