São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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Fantasmas assombraram presidência

DA REPORTAGEM LOCAL

Na Presidência da Câmara Municipal há 24 escrivaninhas com cadeiras, todas ocupadas por policiais militares ou funcionários de carreira.
Mas, nessas mesmas dependências, eram "hóspedes" os 42 funcionários-fantasmas na gestão anterior, a do presidente Brasil Vita (PPB), que, indagado pela Folha, não quis se pronunciar.
O fantasma mais célebre foi o médico Cândido Vaccarezza, da direção nacional do PT.
Uma comissão de sindicância que ainda não concluiu seus trabalhos, presidida pelo vereador Miltom Leite (PMDB), procura saber quem efetivamente trabalhava entre os supostos 207 funcionários da prefeitura (o número exato é desconhecido) comissionados na Câmara Municipal.
Gabinetes
Cada vereador possui 20 pessoas em seu gabinete, entre funcionários da Casa, nomeados de livre escolha ou comissionados da prefeitura. Em Brasília, os deputados federais têm apenas cinco.
O fantasma de maior interesse judicial se chama Waldomiro Theodoro da Silva. Foi formalmente auxiliar administrativo no gabinete de Hanna Gharib.
"Ele trabalhava aqui no gabinete todos os dias. Não era fantasma", afirma o vereador.
A 1ª Zona Eleitoral tem outra versão. Silva foi surpreendido durante a campanha eleitoral, num dos comitês de Gharib, distribuindo carteirinhas do PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
Em depoimento ao juiz Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr., ele disse que comparecia ao gabinete da Câmara "duas vezes por semana". Requisitado o livro de ponto, o juiz constatou que o funcionário assinara presença todo dia útil.
Carteirinhas
A fraude estava comprovada, agravada pelo fato de Silva ter distribuído, de acordo com os talões solicitados pela Justiça Eleitoral, 2.790 carteirinhas do PAS.
Não houve crime eleitoral, responde Gharib. Silva era presidente de uma entidade de moradores do bairro do Pari e, ainda, conforme publicado no "Diário Oficial do Município", ligado à Coperpas (cooperativa do serviço de saúde) de sua região.

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