São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ocidente pressiona Berisha a renunciar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Albânia, Sali Berisha, perdeu considerável apoio internacional ontem. O chanceler da Itália, Lamberto Dini, disse que a presença dele é "um obstáculo à pacificação do país".
A posição italiana é importante porque o país vem sendo uma espécie de mediador informal para a crise e base de operações para a retirada de estrangeiros da Albânia, a nação mais pobre da Europa.
Berisha é o pivô de uma crise que deixa a Albânia à beira de uma guerra civil. Rebeldes dizem que só vão depor as armas quando ele renunciar. Os amotinados acusam Berisha de conivência com a quebra do sistema financeiro do país, que trouxe prejuízos para a maioria dos albaneses.
Berisha também foi pressionado na reunião da União Européia em Apeldoordn, Holanda. O chanceler dinamarquês, Niels Helveg Petersen, defendeu a saída de Berisha como solução para a crise.
Segundo a agência "France Presse", o representante norte-americano defendeu a mesma posição durante reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que aconteceu ontem em Viena, Áustria.
As duas organizações discutiam formas de ação armada no país. O Ocidente se mostra mais disposto a intervir apenas para retirar estrangeiros do país do sudeste da Europa, mas o chefe da missão da OSCE, o austríaco Franz Vranitzky, defende a ação militar para encerrar a crise.
Ontem, os EUA retomaram a retirada de seus cidadãos do país, que fora interrompida por falta de segurança na véspera.
A França também deu a entender que defende a renúncia de Berisha: "A Europa deve apoiar um projeto de reconciliação que leve a eleições gerais e presidenciais para que os albaneses se expressem", disse o primeiro-ministro francês, Alain Juppé.
O escritor Ismail Kadaré, que é considerado o mais importante intelectual albanês e é amigo do presidente, se ofereceu para substituí-lo e encerrar a crise.
Os rebeldes dominam quase todo o sul do país e na semana passada ampliaram sua ação para o norte. Ontem, porém, o governo deu mostras de voltar a dominar a situação em algumas cidades, principalmente Tirana, a capital, onde a polícia voltou às ruas.
O sábado foi relativamente calmo, após uma onda de saques. Mesmo assim, houve registros de que quatro pessoas morreram em choques com a polícia no porto de Durrës (a oeste de Tirana).
A multidão -cerca de 5.000 pessoas- tentou entrar à força no cais para ocupar a fragata grega Kavalidis, que retirava 250 estrangeiros, inclusive diplomatas.
Cresceu nos últimos dias a quantidade de albaneses que, em barcos militares, pesqueiros ou cargueiros, deixa o país. A maioria se dirige à Itália. O governo italiano anunciou ontem que não vai devolver os refugiados albaneses para seu país. Mesmo assim, Roma não vai dar asilo político a eles.

Texto Anterior: País pode exportar crime organizado
Próximo Texto: Fred Zinnemann morre aos 89 anos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.