São Paulo, domingo, 16 de março de 1997 |
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Projeto é bandeira de Kennedy
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Kennedy, que há dez anos representa o oitavo distrito do Estado de Massachusetts (que inclui a cidade de Cambridge, onde ficam a Universidade de Harvard e o MIT), se alinha bem com o "neoconservadorismo liberal" de Clinton. Ele pretende se candidatar ao governo de seu Estado em 1998 e, com o sobrenome, a idade (44) e a boa aparência que tem, a Presidência não deve ser um sonho impossível para ele. Por isso, qualquer causa que tenha o apoio da maioria dos eleitores, como a condenação ao álcool, lhe é bem-vinda. Pelo seu projeto, qualquer universidade que receba verbas do governo federal (quase todas) terá de proibir o patrocínio de bebidas alcoólicas a atividades esportivas, musicais, culturais ou sociais no seu campus. Isso vai dificultar muito a sobrevivência do "circuito cultural universitário", tradicionalmente mantido por cervejas. Nenhum outdoor de bebidas alcoólicas poderá ser colocado nas vizinhanças de escolas ou playgrounds, de acordo com o projeto de Kennedy, que ainda determina que em revistas com "leitorado jovem" os anúncios de álcool sejam em preto-e-branco e limitados a texto, sem fotos ou ilustrações. Um dos argumentos usados por Kennedy em sua exposição de motivos é o resultado de pesquisa realizada entre 200 crianças de 9 a 11 anos da região de San Francisco (Costa Oeste do país), segundo o qual um número maior delas conhecia slogans de anúncios da cerveja Budweiser do que dos sucrilhos Kellogs ou de campanhas de utilidade pública (como de prevenção a incêndios florestais). Além de ter usado amostragem mínima, a pesquisa ainda foi patrocinada por uma entidade antialcoólica, o que pode ter comprometido sua idoneidade. Outros estudos mostram que a publicidade é o sexto fator em importância numa lista de motivos por que jovens dizem beber. As chances do projeto de Kennedy ser aprovado pela Câmara são grandes. No Senado, onde está seu tio, Edward, conhecido como um dos maiores apreciadores de uísque do "jet-set" de Washington, elas diminuem um pouco, mas são boas. O presidente, com certeza, a sancionaria. (CELS) Texto Anterior: EUA debatem o álcool na publicidade Próximo Texto: Negros e hispânicos acusam produtores de bebida Índice |
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