São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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Pediatra sex-symbol

ALESSANDRA BLANCO

Personagem do seriado "Plantão Médico" garantiu sucesso de George Clooney
"São seus olhos. Ele pode dizer muito sem dizer uma palavra. Você não consegue parar de olhar"
Nicole Kidman, atriz
Aos 23 anos, quando chegou a Beverly Hills com a pretensão de tornar-se ator, George Clooney tinha tudo para ser mais um dos precoces e bem-sucedidos galãs de Hollywood.
Dentro do seu Oldsmobile 1960 conversível, já era considerado um dos homens mais bonitos de Los Angeles. Seu pai era âncora de um talk-show, e ele tinha na família ainda um tio ator e uma tia cantora. Mesmo assim, Clooney ficou derrapando entre papéis menores por dez anos. O sucesso estourou apenas em 1995, quando ele virou médico de um pronto-socorro em Chicago.
Clooney, 35, o dr. Doug Ross do "Plantão Médico", gosta de dizer que teve uma "vida difícil". Até o sucesso de "ER" ("Emergency Room", como é chamado nos EUA), fez cinco seriados fracassados, além do filme "A Volta dos Tomates Assassinos".
"A maioria das coisas que fiz não deu certo", disse Clooney, em entrevista à Revista da Folha, em Los Angeles.
Todo de preto (calça jeans e camiseta), muito alto (1,90 m) e com um sorriso sacana (mesmo com um dente molar faltando do lado direito), Clooney é ainda mais bonito ao vivo do que com o avental do pediatra-conquistador.
"É um ótimo seriado, sem ele não teria conseguido papéis em bons filmes. Entre teatro, TV e cinema, 80% do que você faz é lixo. É raro aparecer uma oportunidade de fazer uma coisa boa. Vou ficar no 'ER' ainda por mais dois anos. Depois, quero dar um tempo longe da televisão", diz.
Porco
Desquitado, namorando a francesa Céline Balitran, Clooney garante ser muito diferente do dr. Ross, que está em cada episódio envolvido com uma nova namorada.
O ator, sex-symbol nos EUA, vive sozinho, com o seu porco Max, em uma mansão em Hollywood Hills, onde joga tênis e basquete diariamente.
O sucesso como médico garantiu o seu principal papel no cinema: o Batman, na quarta versão do filme, que estréia no Brasil em julho.
Para Joel Schumacher, diretor de "Batman e Robin", Clooney estourou como o dr. Ross porque "existe uma certa humanidade nele". "Há sempre uma razão para o público conectar alguém a um certo papel. George não teria tanto sucesso como médico, se não houvesse essa humanidade nele. Há muita coisa de homem-menino nele", disse Schumacher à Revista.
"São seus olhos. Ele pode dizer muito sem dizer uma palavra. Você não consegue parar de olhar para ele", disse a atriz e mulher de Tom Cruise, Nicole Kidman, depois de contracenar com Clooney em "The Peacemaker".
Sobre a oportunidade de viver o homem-morcego, o ator diz: "Não tinha imaginado que isso pudesse acontecer. Cheguei a pensar: 'Não sei se quero fazer o Batman'. Mas aí veio aquela coisa: 'Isso é o Batman, não é um filme pequeno, mas um grande projeto, muito maior do que você. Depois dele, poderei fazer o que quiser, quando quiser'. É o tipo de filme que oferece oportunidades."
Oportunidades, assédio da imprensa e mais trabalho. Clooney conseguiu virar estrela de cinema e, já em outubro do ano passado, rompeu com a equipe do programa de TV "Entertainment Tonight".
O ator alega que o "Entertainment Tonight" usou seus repórteres para fazer imagens das gravações de "Batman e Robin" e depois usá-las em outro programa da mesma empresa, o "Hard Copy", muito mais sensacionalista.
"Três pessoas acabaram presas, eles roubaram 'walkie-talkies'. É simples, não estou processando ninguém, só não vou ajudá-los a ganhar dinheiro. O problema é que estou em um aeroporto com a minha namorada e, de repente, um de vocês aparece e pula na minha frente", afirma.
Quanto à rotina de trabalho, são sete dias por semana: quatro em "Plantão Médico" e os outros três em gravações na Warner. "Está tudo bem", diz Clooney. "Fiz o que minha carreira pedia."
"Ele não reclama e nunca parece cansado", diz Schumacher. Ao contrário, hoje, ele vive fazendo piadas.
Em janeiro, enquanto voltava com Uma Thurman e Chris O'Donnel das filmagens de "Batman e Robin" em um jatinho da Warner Bros., uma falha mecânica provocou a perda de uma das turbinas. O descontrole durou menos de dois minutos. Thurman se colocou na posição de acidente, Clooney nem se moveu, mantendo o estilo "cool", O'Donnel teve um "momento de chilique".
Minutos depois, já em terra firme e mais calmo, O'Donnel perguntou a Clooney: "Imaginou se nós tivéssemos caído? A manchete nos jornais seria 'Chris O'Donnel, Uma Thurman e George Clooney caem em um jato da Warner'". Sem se abalar, Clooney rebateu: "Você realmente acha que a ordem dos nomes seria essa?". Desta vez, não parecia ser piada.

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