São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Sem-terra querem manter autonomia

EMANUEL NERI; LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O MST vê a tentativa de aproximação do PT com cautela.
Para Gilmar Mauro, membro da direção nacional do MST, o limite dessa aproximação é a autonomia de cada entidade.
"Nos causa orgulho que o PT queira ter relações mais estreitas, mas nós vamos manter nossa autonomia", disse.
O dirigente afirma que é "um erro histórico" atrelar um movimento social a um partido. "Muitos movimentos de camponeses da América Latina que se aproximaram muito de partidos acabaram", lembra ele. "Cada vez que havia um racha no partido, havia uma briga no movimento", diz.
Além disso, Mauro afirma que o MST "não pode se caracterizar como sendo ligado a um partido. O Zé Rainha e a Diolinda apoiaram outros partidos no Pontal".
Ele ressalta ainda que o MST é um movimento social onde existe gente de todo tipo, o que impede a formação de uma linha partidária.
Segundo Mauro, Lula discutiu a aproximação do PT e do MST na viagem que os dois fizeram para o ato no Pontal no dia 2. "O Lula me disse que a relação prioritária do PT é com o MST. É uma decisão sábia, o partido nasceu da luta dos trabalhadores."
Para o líder do MST, o PT, nos últimos anos, tem dado prioridade à luta eleitoral em detrimento dos movimentos sociais. "O próprio PT tem feito essa autocrítica", diz. "O partido não pode cair na ilusão de que a luta é só eleitoral."
Mauro acredita que a aproximação do PT com o MST se deve ainda ao fato de "os movimentos urbanos não estarem tendo articulação". Para ele, "hoje, a luta pela reforma agrária é a pedra no sapato do FHC".
Segundo a Folha apurou junto a militantes antigos do MST, a entidade considera que o PT sempre negligenciou a luta pela reforma agrária. Por ser um partido criado a partir do operariado urbano, ele priorizaria a luta nos sindicatos.
(EN e LHA)

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