São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Ato pela reforma agrária reúne 3,5 mil sem-terra no Pontal

ULISSES DE SOUZA

FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA EM TEODORO SAMPAIO (SP)

Cerca de 3.500 sem-terra participaram, ontem, de um ato público em Teodoro Sampaio (SP), região do Pontal do Paranapanema.
Na ocasião, foi inaugurada uma réplica do monumento criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em homenagem aos 19 sem-terra mortos em conflito em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 96.
Os sem-terra aproveitaram a inauguração para fazer um ato pacífico pela reforma agrária e contra a violência no campo.
A manifestação foi organizada pelo PT, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e Prefeitura de Teodoro Sampaio.
Em Eldorado dos Carajás, o monumento foi destruído. A Prefeitura de Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo) obteve autorização de Niemeyer para homenagear os sem-terra do Pontal do Paranapanema. A réplica foi erguida na principal praça da cidade.
O monumento foi descerrado pela sem-terra Miriam Farias de Oliveira, baleada durante a invasão da fazenda São Domingos em 23 de fevereiro, em Sandovalina.
Obra
A obra tem 2,5 metros de altura. Nela, o arquiteto projetou uma mão segurando um rastelo para simbolizar a luta dos sem-terra.
A PM, que deslocou cem soldados para as áreas das manifestações, informou que chegaram a Teodoro Sampaio 71 ônibus, ocupados por militantes do PT e sindicalistas.
No período da manhã, às 11h, os manifestantes realizaram um ato em frente a plantação de milho da fazenda São Domingos, em Sandovalina, local onde oito sem-terra foram baleados por seguranças da propriedade.
O senador Eduardo Suplicy (PT) anunciou durante o ato a decisão do fazendeiro Oswaldo Fernandes Paes, dono da São Domingos, de reiniciar as negociações para a venda da propriedade.
Para tanto, segundo Suplicy, é aguardada amanhã em Presidente Prudente (SP) a presença da diretora do Instituto de Terras (Itesp), Tânia Andrade.
O senador informou ainda que o fazendeiro não concorda em permitir que os sem-terra façam a colheita dos 250 alqueires de milho que plantaram durante invasões anteriores.
Osvaldo Paes, segundo Suplicy, só permite a colheita se o acampamento de sem-terra em frente a sua fazenda for transferido.
O MST não concorda com isso e promete fazer a colheita nos próximos dias.

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