São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Humorista diz sentir-se um lixo

JEANNE WOLF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Howard Stern é incrivelmente popular. Seu programa de rádio matinal, transmitido para todo o país, atrai 18 milhões de ouvintes. Já escreveu dois livros que viraram best sellers, "Miss America" e "Private Parts" (eufemismo que designa os órgãos genitais).
Ele agora testa o cinema com "Private Parts", a versão cinematográfica de seu autobiografia, no qual ele representa seu próprio papel."Private Parts" traça a ascensão de Stern, desde seu primeiro emprego como DJ numa rádio pequena. Também oferece algo de sua vida pessoal, incluindo o casamento com Alison.
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Folha - Em "Private Parts" você surpreende quem acha que sua principal missão na vida é chocar.
Howard Stern -Achei que se eu mostrasse basicamente minha imagem pública, vocês diriam: "Já conhecemos esse cara, já o ouvimos no rádio, já o vimos na televisão dizendo aquelas coisas nojentas". Eu quis mostrar o Howard aos 20 anos, inseguro. Eu ouvi as fitas dos meus primeiros programas. Mal conseguia respirar no ar, de tão nervoso que estava.
Folha - Você mostra no filme a perspectiva de sua vida particular, especialmente de seu casamento.
Stern - Encontrei uma mulher maravilhosa. Tantas pessoas no show business que se separam, e eu com Alison, uma mulher disposta a encarar coisas a meu respeito que só podiam chocá-la.
Folha - No filme há cenas de sua infância, em que seu pai lhe chama de imbecil. Isso aconteceu de fato?
Stern - E como! Meu pai ainda não viu o filme, e mal posso esperar que o veja. Meu pai passou a vida toda me chamando de imbecil. Mas é engraçado -sempre senti que me amava. Acho que era por amor que ele me xingava.
Folha - Você é muito hostilizado?
Stern -Sim. Tem muita gente que nem ouve meu programa no rádio e já tem uma opinião, acha que eu só sei falar em pênis. Já fui tachado de sexista e racista. Acho que minha honestidade deixa as pessoas furiosas.
Folha - Agora que você sentiu o gostinho de Hollywood, vai abandonar o rádio e tentar o cinema?
Stern - Adoro o rádio. É o que eu faço melhor. Mas admito que fazer o filme foi um tesão como nunca antes senti. Adorei.
Folha - Você tem um programa nacional de rádio com índices enormes de audiência, dois livros que viraram best sellers e agora um filme que fez sucesso. Ainda lhe resta algo a conquistar?
Stern - As pessoas dizem: "você já fez tudo". Juro que nunca fico impressionado comigo mesmo, sempre me sinto um lixo. Não sinto que tenha feito nada grandioso.

Tradução de Clara Allain

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