São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Coleções desenham a mulher sensual

MARIA CRISTINA FRIAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM PARIS

Faltando dois dias para acabar a maratona do prêt-à-porter outono/inverno 97 parisiense, já é possível alinhar as tendências mais constantes vistas nas passarelas, nos últimos dias.
Dentre os desfiles importantes, falta apenas o da coleção pessoal de Karl Lagerfeld, que será apresentada hoje.
A imagem que fica é a de uma silhueta longa, reta, fluída.
Alguns dos estilistas, entretanto, inspirados pelo minimalismo dos anos 80, criaram casacos de ombros quadrados e uma imagem clean. Roupas mais pesadas, mais estruturadas, em cores sóbrias do vestuário dos homens. Gravatas e echarpes, fazendo ou não esse efeito, também voltaram.
Mas teve também quem mostrasse algo de masculino com sensualidade. Ocimar Versolato, para Lanvin, por exemplo, apresentou tailleurs de corte impecável, justos ao corpo, na linha do "ele para ela". Em negro, cinza ou marrom, sobre camisas brancas com detalhes nas mangas, eles foram vistos em vários dos desfiles.
Em todas as coleções, havia vestidos -alguns chemisiers- e saias na altura dos joelhos, de corte seco, colado, ou quase, ao corpo. Os estilistas também querem roupas muito longas. Elas vieram em sua maioria em jérsei ou malha fina e delicada como cashmere.
Na dúvida, o refúgio dos tailleurs com calça. A maioria era justa, seca. Mas não faltaram as calças de corte largo, fluído de cima abaixo ou mais abertas apenas na boca.
Para alguns, o curtíssimo veio não apenas em microssaias, mas também em shorts. As malhas surgiram justas. O cardigã está em baixa.
O abotoamento atual é o zíper. Valem também fechamentos na lateral dos casacos, e muitas vestes vieram com apenas um botão no centro. Cintos de couro, de largura fina para média, foram usados sobre os casacos.
Os sapatos, com calça ou vestido, para o dia ou para a noite, são de salto alto e finíssimo. É uma das poucas unanimidades entre as griffes, esquecendo-se de Issey Miyake.
Nos vestidos de noite, quase só dá transparência. Os estilistas desenharam uma mulher sensual. A diferença está na dose. Com sutileza, para Lagerfeld. Com exagero vulgar, para Lolita Lempicka.
Os longos vieram, em sua maioria, justos, ligeiramente mais evasês (a partir dos joelhos) ou bem amplos, no caso de Christian Lacroix, que abusou de véus de tule e camadas.
À noite, apesar da estação fria, as mulheres se despem. Continua sendo o grande momento das peças negras, em veludo dévoré ou não, segundo todos os grandes nomes.
Um toque chinês nos tecidos e golas para Dior, russo nos bordados em lã para Chanel. As roupas vieram com brilho de tipo variado, em lurex ou bordados.
Algum pailleté, canutilho, embora os longos estivessem com menos pedraria que na estação passada. Costas nuas ou apenas cobertas por tiras fininhas, decotes e fendas, é claro, continuam. De novo, com maior ou menor ousadia. Nem todos conseguem expor com a sensibilidade de Versolato ou John Galliano.

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