São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Europa nega ação militar na Albânia

UE promete missão de apoio

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A União Européia decidiu ontem não patrocinar uma intervenção militar na Albânia, mas ofereceu assessoria militar para ajudar o país do sudeste da Europa a contornar a crise.
A intervenção estrangeira foi pedida pelo próprio governo albanês, que perdeu o controle de várias cidades depois que manifestantes contra o presidente Sali Berisha se armaram.
Eles protestam contra a quebra do sistema financeiro nacional, que fez com que a maioria da população fosse enganada por um sistema de aplicações (chamado "pirâmide") que previa lucros altos e rápidos.
A UE disse em comunicado emitido após reunião na cidade holandesa de Apeldoorn que o grupo está "firmemente comprometido a ajudar a Albânia a restaurar as estruturas civis, a lei e a ordem".
Mas não houve acordo quanto ao envio de uma força multinacional. A Alemanha, um dos países que liderou a recusa, disse que "qualquer abordagem intervencionista está fora de questão".
A União Européia disse que, antes de mandar sua missão de apoio, vai consultar as Nações Unidas sobre a necessidade de um mandato. Disse também que pode enviar tropas para amparar a missão -mas que, ainda assim, seguirá não sendo uma intervenção.
Durante a reunião da UE, houve pedidos para que Berisha renuncie. O chanceler holandês, Hans van Mierlo, disse que ele é "um empecilho" à pacificação.
No sábado, correram rumores de que Berisha renunciara -desmentidos pelo próprio presidente. Os rebeldes dizem que só entregam as armas quando o presidente sair do governo.
O clima no país ficou mais calmo ontem, mas houve choques no porto de Durrës, além de uma manifestação em Tirana, a capital.
Em Tirana, cerca de 3.000 pessoas se reuniram na principal praça da cidade e pediram paz. O ato foi convocado como cerimônia em memória dos cerca de cem mortos nos conflitos dos últimos dois meses. Não houve incidentes.
Mas, em Durrës, policiais enfrentaram manifestantes que tentavam à força tomar barcos para sair do país. Alguns civis foram agredidos. A polícia dispersou o tumulto com tiros para o alto.
Os albaneses tentavam chegar à Itália, cruzando o mar Adriático (que em alguns pontos tem 60 km de largura). O governo italiano disse que resgatou ontem 858 refugiados que tentavam atingir o país.
Brasileiros
Nota do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) informou que 10 dos 22 brasileiros residentes na Albânia já deixaram o país.
Duas freiras optaram por ficar na Albânia, segundo a diocese de Tirana. Outros três, uma freira e dois missionários da organização Jovens com uma Missão, não foram localizados pelo consulado brasileiro em Roma. Diplomatas na Itália são responsáveis pela retirada dos brasileiros.

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