São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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INFÂNCIA CURTA

O SOS Criança, ligado ao governo do Estado de São Paulo, registrou, entre os anos de 95 e 96, um aumento de 43,3% no número de crianças carentes que entraram pela primeira vez na instituição, cuja função é justamente reencaminhá-las ao lar.
Os números de uma única instituição, mesmo sendo ela responsável por boa parte das ações no setor, não permitem aferir precisamente a magnitude do problema da infância marginalizada. Mas no mínimo constituem indícios de agravamento de um flagelo para o qual, até agora, a sociedade não soube oferecer respostas minimamente satisfatórias. Trata-se da desagregação familiar, associada à indigência, que encaminha meninos e meninas às praças e ruas das grandes cidades brasileiras.
Segundo a Pastoral do Menor, 52% das crianças que entraram no SOS Criança em 96 tinham abandonado famílias das periferias das zonas leste e sul, onde as condições de educação e assistência são mais precárias.
Há ainda outros dados pouco animadores. Nos últimos 12 meses, segundo a Associação dos Movimentos das Entidades Sociais Conveniadas, 30 das 450 entidades de assistência à infância rescindiram convênios com a prefeitura, devido à diminuição das verbas contratadas. O combate ao problema parece assim sofrer das tradicionais dificuldades de custeio por parte do poder público.
Programas de renda mínima, vinculados à manutenção das crianças na escola, poderiam contribuir, ainda que modestamente, para parte dessa tarefa de reintegração familiar e social. Importante seria também uma participação mais intensa da iniciativa privada na tarefa de reabsorver produtivamente as crianças carentes.
São porém instrumentos de alcance limitado, até mesmo paliativos, enquanto perdurar o estado de aguda miséria em que vive grande parte da população brasileira.

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