São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Miopia

VALDO CRUZ

Brasília - Oftalmologia ou optometria. Profissionais das duas áreas se enfrentam há anos no Brasil.
Os oftalmologistas lutam para que os optometristas não tenham direito de fazer o exame refrativo dos olhos, usado para descobrir se uma pessoa tem algum defeito anatômico da visão -como miopia ou hipermetropia.
Em Brasília, por exemplo, estão tentando mais uma vez impedir que o presidente da Associação Brasileira de Ótica e Optometria, Ricardo Bretas, continue trabalhando.
A turma da oftalmologia diz o seguinte em sua defesa: os optometristas, com formação técnica, não estão aptos a diagnosticar doenças sérias. Muitas moléstias, como Aids e diabetes, podem ser identificadas pelo exame de fundo de olho.
Os optometristas se defendem dizendo que seu trabalho é identificar defeitos anatômicos da visão em vez de doenças. Caso um paciente não apresente defeito anatômico, ele seria encaminhado a um oftalmologista.
Os oftalmologistas rebatem afirmando que um diagnóstico tardio pode representar a perda da visão ou o agravamento de uma outra doença que se manifesta na visão.
Posso estar enganado, mas esse parece ser um caso de luta por uma reserva de mercado. No país, há uma grande carência de profissionais da área. Na região Norte, só há 1 oftalmologista para cada 360 mil habitantes.
Por que não liberar o trabalho dos optometristas, para que eles possam suprir essa carência? Hoje, muitas crianças carentes vão mal na escola porque têm problemas de visão e não são tratadas.
Tenho uma experiência pessoal em casa que mostra a importância dos optometristas. Minha filha de quatro anos tem hipermetropia e passou por três oftalmologistas. Mas continuava reclamando. Procurei um optometrista. "Pai, com esses óculos eu vejo tudo", foi a sua reação.
Isso não significa que não existam bons e excelentes oftalmologistas. Mas é uma prova de que existem excelentes optometristas.

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