São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Collor afirma na Europa que disputa Presidência já em 98

Ex-presidente está com direitos políticos suspensos até 2002

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BONN

O ex-presidente Fernando Collor de Mello se diz candidato à Presidência já em 1998, apesar de estar com os direitos políticos suspensos até 2002.
A afirmação foi feita em Estocolmo (Suécia) à jornalista Anna Karina Carvalho e ganhou a manchete do semanário "Euro-Brasil Press", destinado à comunidade brasileira residente na Europa, na edição que começou a circular domingo.
"A Justiça me absolveu, cabe ao povo me julgar", disse o ex-presidente, em alusão ao fato de que o seu impeachment, pelo Congresso Nacional, foi seguido de absolvição pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Collor disse que o fato de estar com os direitos políticos suspensos até 2002 não atrapalha sua volta à política, que dá como "inexorável".
Motivo: "Tenho mais de 2.000 assinaturas espalhadas pelo Brasil e tenho certeza de que meus direitos serão restituídos".
Collor perdeu o mandato, mas não perdeu a pose, a julgar pelo relato de sua viagem a Estocolmo feita pelo "Euro-Brasil Press": hospedou-se no Grand Hotel, o mais caro da cidade, alugou uma limusine para seus deslocamentos e foi acompanhado de Rony Curvelo, assessor de imprensa, além, claro, da mulher, Rosane.
O ex-presidente falou sobre seu período de governo a convite do Utrikespolitiska Institute (Instituto de Ciência Política) e do Instituto de América Latina da Universidade de Estocolmo.
Tema, nada modesto: "O Gigante Acordou: O Papel do Brasil no Cenário Global".
Como FHC
Collor disse que nota na Suécia "um compromisso forte em relação à prosperidade, progresso e contínuo desenvolvimento, tudo dentro de uma consciência ambiental". E emendou: "Esses ideais fizeram parte da minha administração".
Em outro trecho de sua exposição, sempre segundo o semanário, Collor parece FHC falando: "Tive que desmanchar um Brasil paternalista e protecionista e uma corporação política que poderia dificultar a entrada do Brasil na modernidade".
Críticas ao atual governo foram apenas indiretas, na forma de uma menção à dívida interna, que, segundo Collor, nunca esteve tão alta, e da inação em relação à questão social.
O ex-presidente escapou pela tangente de pergunta sobre o escândalo da Legião Brasileira de Assistência, quando presidida por sua mulher, Rosane, o caso PC Farias e seu impeachment.
Mas não escapou de um texto crítico paralelo, em que um colaborador da publicação, Paul Jurgens, diz que "o país que se prepara agora para entrar no século 21 não irá esquecer a desastrosa passagem de Collor pela Presidência".

O jornalista Clóvis Rossi viajou à Alemanha a convite do governo alemão

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