São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Loyola admite mudar política monetária

LUCIA MARTINS
ENVIADA ESPECIAL A BARCELONA

A possibilidade de os juros subirem nos EUA pode fazer com que o governo brasileiro promova mudanças na política monetária, disse ontem o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
A declaração foi feita em resposta a um banqueiro americano, que perguntou o que o Brasil fará se a taxa de juros norte-americana subir. Loyola participava de um almoço promovido durante a Reunião Anual das Assembléias de Governadores do BID, em Barcelona (Espanha).
"Tudo vai depender da magnitude das mudanças, mas podemos até mudar a nossa política monetária. Precisamos esperar para ver", disse Loyola.
Banqueiros e especialistas em América Latina afirmam que o Brasil acabará sendo obrigado a aumentar os juros.
Segundo o diretor do Banco de Boston Peter Allen, "é muito provável que o Brasil siga os EUA, se houver elevação nos juros".
"Se o país for coerente com a própria política que vem adotando, eles aumentarão os juros. Caso contrário, haverá fuga de capitais, o que não será bom para o país neste momento em que o déficit está grande", disse Allen, que é o responsável do banco pela análise de mercados emergentes.
Segundo Loyola, há uma tendência de que a taxa de juros diminua no decorrer dos próximos meses.
Kandir vai esperar
O ministro Antonio Kandir (Planejamento) confirmou essa tendência e afirmou que "vai esperar para ver" qual será a mudança nos EUA.
"Pode ser que seja uma alteração pequena e que não seja necessário fazer nada", disse. Outra hipótese levantada pelo ministro foi, no caso de aumento pequeno, que os juros brasileiros -que estariam em queda- parem de cair e estacionem para contrabalançar com as medidas norte-americanas.
Ontem, ele participou da abertura da reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Em seu discurso, Kandir continuou afirmando que não haverá mudanças e que o Brasil está bem.
Enquanto o ministro repetia a mensagem para os membros do BID, Loyola e o diretor da área internacional do banco, Gustavo Franco, faziam o mesmo.
"Estamos em uma posição confortável", disse Loyola a um grupo de banqueiros. "Não haverá mudanças drásticas", acrescentou Franco, para outro grupo.
A mensagem é a mesma: o Brasil está bem. A justificativa foi -repetida por todos- a seguinte: o Brasil está crescendo (previsão de 5% neste ano), os investimentos externos estão aumentando (previsão de US$ 15 bilhões para este ano) e a inflação está caindo (estimativa de 7% para 97).

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