São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Acordo pode sair antes da vinda de Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Brasil e Estados Unidos vão tentar resolver a divergência que há entre eles sobre o regime automotivo brasileiro antes da visita do presidente Bill Clinton ao país, prevista para a segunda semana de maio.
O ponto central da negociação é a antecipação do prazo para habilitação de empresas estrangeiras que queiram entrar no Brasil e se beneficiar do regime.
O assunto foi discutido ontem em Washington pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, e a responsável pelo Comércio Exterior dos Estados Unidos, Charlene Barshefsky. O ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo, Francisco Dornelles, também participou do encontro.
Os Estados Unidos estão reclamando junto à Organização Mundial do Comércio contra o regime automotivo brasileiro, que beneficia empresas já instaladas no país. Sua oposição ao regime era tida como "principista" (feita em defesa dos princípios do livre comércio internacional) e fechada a conversações.
Agora, parece ter mudado para uma posição mais pragmática. Se o Brasil fixar uma data para "fechar a porteira" antes do final da vigência do regime (31 de dezembro de 1999), as empresas norte-americanas de automóveis já no Brasil podem se beneficiar mais dele.
Sem detalhes
Lampreia não quis revelar detalhes do que o Brasil pode oferecer. Ele serão discutidos por equipes técnicas dos dois países ou em Genebra, na primeira semana de abril, ou no Rio, na semana seguinte. O Brasil está disposto a discutir outros pontos do regime, desde que sua essência não seja alterada.
Outro assunto da conversa entre Lampreia e Barshefsky foram as barreiras a produtos brasileiros no mercado norte-americano, em especial siderúrgicos e suco de laranja.
O Brasil, que teve déficit na balança comercial com os Estados Unidos nos últimos dois anos (US$ 2,6 bilhões em 1996), está tentando reverter a situação. Lampreia confirmou, em princípio, a data da visita de Clinton ao Brasil mas disse que, devido ao acidente que deixou o presidente dependente de muletas por seis meses, alterações no seu programa brasileiro serão necessárias. "Esperava poder jogar golfe com ele no Rio. Seria o ponto máximo da minha carreira de golfista. Mas parece que será impossível", disse.
Em almoço no Conselho Empresarial Brasil-EUA, Lampreia apresentou a centenas de empresários as divergências entre os dois países sobre a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e disse que elas não significam que o Brasil queira atrasar ou sabotar sua constituição. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, também falou durante o almoço. O ministro Ronaldo Sardenberg, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, estava presente.

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