São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Cresce remessa de lucros e dividendos

CPMF antecipa saídas

GUSTAVO PATÚ
COORDENADOR DE ECONOMIA

Os investimentos estrangeiros na produção, que cresceram muito de 95 para cá e são apontados como forma de compensar o buraco nas contas externas, já começam a revelar o outro lado da moeda.
Disparou, no primeiro bimestre de 97, a remessa de lucros e dividendos ao exterior, que chegou a US$ 844 milhões e superou a despesa com juros da dívida no período (US$ 758 milhões).
Como comparação, nos dois primeiros meses de 96 a remessa de lucros e dividendos ficou em US$ 55 milhões.
É verdade que pode ter havido antecipação de remessas para evitar a CPMF, que começou a ser cobrada em 23 de janeiro -tanto que a maior parte das remessas (US$ 661 milhões) ocorreu em janeiro.
Mas na própria equipe econômica se avalia que a tática de compensar déficits externos com a entrada de investimentos de longo prazo na produção não se sustentará por muito tempo.
Há um fluxo crescente de investimentos diretos: US$ 3,9 bilhões em 95, US$ 9,4 bilhões em 96 e US$ 1,233 bilhão só no primeiro bimestre de 97. Esse movimento está diretamente associado à privatização das estatais mais importantes.
Neste ano, deve haver grande entrada de dólares por conta da venda da Vale do Rio Doce e da abertura do mercado da telefonia celular. No ano que vem, é a vez do sistema Telebrás.
Em dois ou três anos, calculam os economistas do governo, acabará a venda de estatais importantes e o fluxo de investimentos vai se estabilizar. Aí, os estrangeiros que ingressaram no país estarão remetendo seus lucros ao exterior, contribuindo para a perda de dólares.

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