São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Vigia desdenha futebol e só usa rifle para caçar

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A BREJINHO (PE)

O pernambucano Raimundo Alves Tomé não torce para time algum, dorme ainda no primeiro tempo dos jogos da seleção e nunca gostou de bater bola. Ele é o vigia do estádio de Brejinho.
Tomé nunca usou seu rifle para afugentar visitantes indesejáveis, como os jogadores do Juventos, time da oposição ao prefeito.
"Eu uso só para matar preás e lambus", diz, se referindo aos roedores e às aves cujo gosto aprecia.
Às vezes, quando os portões estão abertos, ele atira para cima para espantar vacas e bois.
Tomé é um faz-tudo. A grama, quando cresce, ele corta com faca. Mata cobras venenosas com pau, mas poupa corujas que dormem sobre as traves.
Desde 20 de janeiro, quando chegou a chuva, está feliz -não terá de migrar atrás de trabalho.
Agora, espera ansioso a grama prometida pelo "coronel" João Pedro. "Dizem que é um tapete."
Enquanto a grama não chega, e como o serviço é pouco no estádio, que nunca recebeu mais de 500 pessoas, Tomé passa a maior parte do tempo cuidando de sua roça, logo atrás de um muro. "Futebol não é comigo."
(MM)

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