São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Cantor italiano Zucchero traz seu blues adocicado ao Brasil

EDIANA BALLERONI
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM MIAMI

Adelmo Fornaciari, o Zucchero (açúcar, em italiano), traz seu show ao Brasil em abril.
A turnê pelo país começa em São Paulo, nos dias 14 e 15 de abril, no Palace. Depois segue para Curitiba, no dia 17 do mesmo mês, no teatro Guaíra, e Porto Alegre, no Araújo Viana, no dia 18.
Com melodias baseadas em blues e letras adocicadas, Zucchero está completando dez anos de carreira, com sucessos que começaram com a romântica "Senza una Donna".
Zucchero (apelido que ganhou de uma professora do primário, por ser muito comportado e educado) conseguiu o que muitos artistas gostariam de alcançar: entrar nos mercados latino e norte-americano, mesmo sendo de outra nacionalidade.
Ele já gravou com Joe Cocker, Miles Davis e Eric Clapton. Seus últimos quatro discos foram lançados em italiano e espanhol. Para a tradução de várias músicas -incluindo a compilação "O Melhor de Zucchero"-, ele contou com a ajuda do roqueiro argentino Fito Paez.
"O artista tem de estar disposto a começar sempre do zero", disse o cantor à Folha, comentando sua receita para o sucesso.
"É muito duro, para quem é famoso em seu país e consegue lotar estádios com grandes produções, chegar ao exterior e se apresentar para uma platéia pequena, sem infra-estrutura. Ele tem de entender que a música é a protagonista."
Zucchero é admirador da bossa nova, de Vinicius de Moraes e de Djavan, com quem já fez parceria na música "Oceano".
Início
O começo da carreira não foi fácil. Durante quase dez anos, Zucchero escreveu músicas para outros cantores e disputou festivais na Itália sem ganhar nada. Aficionado por blues, em 1983 ele resolveu passar uns tempos nos Estados Unidos, onde morou dois anos.
Em 1987, lançou "Blue", que estourou em toda Europa e seu single principal, "Senza una Donna".
Algumas de suas letras dão ligeiras estocadas na igreja católica, mas o cantor/compositor menciona Deus o tempo todo. "Eu respeito Deus, mas não gosto das suas instituições terrenas. Não me agrada a hipocrisia da igreja", explica.
"Respeito a fé de cada um e não aceito que dêem ordens quanto à minha. É vergonhoso que, às vésperas do próximo milênio e no tempo da Aids, a igreja proíba o uso de preservativos, por exemplo", disse.
Zucchero recebeu um convite para interpretar São Francisco no cinema, mas ele queria que o santo fosse retratado "bastante próximo do povo".
O seu São Francisco era demasiadamente político, segundo os produtores, e não houve acordo. "Chamaram o Mickey Rourke para o papel. Eu fiz a música", contou.

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