São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997 |
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SOCIAL DISTORTION é punk novo
LÚCIO RIBEIRO
"White Trash" imprime aos veteranos do Social Distortion tal garra e frescor punk que o álbum parece ter saído de uma garagem, produzido por uma banda de garotos com 15 anos de idade. E não de estrada. A banda não faz uso de firulas para emprestar peso ao seu som. Em vez de vocal berrado ou guitarras distorcidas, tem uma maneira natural de tocar pesado. Pode soar engraçado, mas nesse bem-vindo "White Light, White Heat, White Trash" o perturbado vocalista/guitarrista/compositor Mike Ness cometeu um álbum romântico. Se no disco "White Light, White Heat" (67), o Velvet Underground mergulhava de cabeça nos anos 60 e oferecia contos sobre sexo, heroína e morte, em "White Trash" o Social Distortion dá um passeio pelas águas turbulentas da dor pessoal, dos erros, do amor acabado e sem volta. A palavra "pain" (dor) permeia o álbum. Logo na primeira música, "Dear Lover", comovente balada punk, Mike Ness se desespera no refrão: "Minha adorada, eu não aguento mais/ dê-me pelo menos um último beijo doloroso". Amar também é um gesto punk. O CD traz um hino. Mike Ness assume seus erros na já clássica "I Was Wrong", onde novamente a dor envolta pela barulheira levou a banda a beliscar um lugarzinho na parada da "Bilboard". Não custa ainda avisar que esse álbum traz uma cover de "Under My Thumb" como uma não-creditada faixa extra. No original dos Rolling Stones, Mick Jagger canta como ele domina uma garota, que o considera um irresistível sedutor. Com a mesma letra, mas na voz de Mike Ness, a impressão é a de que acontece exatamente o contrário. Esse lançamento comove. Surpreenda-nos novamente, Sony. Disco: White Light, White Heat, White Trash Banda: Social Distortion Lançamento: Sony Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: OFFSPRING é punk velho Próximo Texto: Cyndi Lauper; The Presidents of USA; Teddy Morgan; Sue Foley; Heartbreakers; Virgulóides? Índice |
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