São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Escola pública é retratada em mostra

EDER CHIODETTO
EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA

O biólogo e fotógrafo Gustavo Lourenção inaugura hoje, às 19h30, no Espaço Subterrâneo da Consolação, a exposição fotográfica "A Escola para Todos".
Lourenção teve uma rápida carreira de professor de ciências em escolas públicas, da qual tirou a vontade de decodificar os olhares perdidos dos alunos, que ele observava durante as aulas.
Três anos após abandonar a carreira, voltou às escolas públicas, desta vez como fotógrafo. Da idéia inicial de fazer um ensaio denunciando o precário sistema educacional, migrou para um olhar mais impressionista e pictórico. Ainda bem.
Sem o ranço panfletário, Lourenção conseguiu traçar um painel sensível do cotidiano desses adolescentes. Não como estudantes, mas como representantes de uma classe que está longe de poder arcar com os custos de uma escola particular.
Seu trabalho ganha vulto quando se desvincula do universo educacional e, deixando a denúncia, centra foco no comportamental.
"Alex, te adoro. Um beijo. Sheila." Inscrições como essa, fotografada em uma lousa de sala-de-aula, é o melhor de "A Escola para Todos".
Funcionam como memória afetiva. São recorrentes na lembrança de qualquer pessoa que passou por uma escola pública. Se por um lado demonstram um ambiente hostil, por outro funcionam como ritos de passagem. Para que a escola funcione como um segundo lar, cada aluno precisa deixar suas marcas. Belas imagens, sobretudo os flagrantes de estudantes, perdem um pouco da força com a irregularidade da edição final, que podia ter sido mais rigorosa.

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