São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Londres vê 'homossexuais'

WAGNER ARAUJO

ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES

Os londrinos têm a chance de assistir, até o dia 27, a 140 longas e curtas-metragens para TV e para cinema de abordagem homossexual no 11º London Lesbian and Gay Film Festival.
Revertendo o quadro da predominância gay nos festivais anteriores, este ano o número das "películas lésbicas" cresceu consideravelmente.
A quantidade de filmes e o bom nível de grande parte deles refletem dois aspectos das mudanças na indústria cinematográfica mundial nos últimos anos.
Um desses aspectos é que cada vez mais diretores, renomados ou iniciantes, têm se aventurado a contar histórias abertamente homossexuais.
O outro é que novos investidores, de olho no rico e organizado mercado homossexual, têm apoiado a produção de novos filmes.
Os canais de televisão britânicos também estudam a criação de novos programas para gays e lésbicas.
Há de tudo no festival. Filmes para grandes audiências (o que implica certos limites na movimentação dos personagens, segundo a lógica das bilheterias); outros filmes que os conservadores poderiam taxar de pornográficos; Aids, amor adolescente e amor maduro, perversões e fetiches, denúncia, comédia, humor, terror, drama, trabalhos britânicos, americanos, alemães, espanhóis, chineses, franceses, como também os assim listados "filmes só para meninos" e "filmes só para meninas".
Entre os filmes exibidos está "All Over Me", do americano Alex Sichel, que abriu o festival. A história mostra o encontro de três garotas adolescentes que se descobrem em relacionamentos homossexuais.
Além da qualidade do roteiro e da boa direção, outras atrações da película são a atuação da atriz Alison Folland (uma das garotas no filme "Um Sonho Sem Limites", de Gus Van Sant) e a trilha sonora de Patti Smith.
Em "A Bill Called William", o diretor Alex Harvey discute com humor e forte crítica uma das mais controversas partes da Legislação Britânica do Pós-Guerra: o Ato das Ofensas Sexuais, que restringia o relacionamento gay apenas a homens adultos.
"Latin Boys Go to Hell" é uma história de amor, ciúme, vingança e belos "latin lovers" espanhóis flertando com o desastre. A diretora Ela Troyano mistura vários elementos da cultura espanhola-latina, como drama, novela e castanholas, para revelar os sinuosos caminhos das paixões.
A maioria dos filmes participantes do 11º London Lesbian and Gay Film Festival serão exibidos nas telas do National Film Theatre, Museu do Cinema e Festival Pavilon, no South Bank.
O grande cinema Odeon West End, em Leicester Square, assistiu ao filme de abertura e também verá a produção de encerramento, "Indian Summer", da britânica Nancy Meckler.
Toda a bilheteria do filme de encerramento, que conta a história de um bailarino soropositivo no caminho entre a perda de um companheiro e o encontro de um novo amor, será revertido para caridade.

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