São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Protestos no Peru pedem fim da crise

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Capital e interior têm atos

Protestos no Peru pedem fim da crise
Milhares de pessoas realizaram ontem pelas ruas de Lima, capital peruana, manifestação pelo fim da crise dos reféns, que já se estende por mais de três meses.
Nas proximidades da casa do embaixador japonês no Peru, Morihisa Aoki, onde estão guerrilheiros e reféns, os automóveis e carros de bombeiros soaram suas buzinas e sirenes.
Pouco após o protesto na rua, houve uma missa à qual compareceram os familiares dos reféns.
"Isso me emociona e espero que chegue energia a todos os que estão presos", disse Beatriz de Gumucio, mulher do embaixador boliviano Jorge Gumucio, um dos reféns. As manifestações ocorreram também no interior do país e em outros locais de Lima.
Os participantes do protesto pediam que o presidente peruano, Alberto Fujimori, cedesse e apressasse o fim da crise. "Quando se dialoga, ambos têm de ceder", disse um dos manifestantes.
Atualmente, há 72 reféns sendo mantidos pelo Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) na residência do diplomata do Japão. Entre eles está Pedro Fujimori, irmão do presidente.
O local foi invadido no último dia 17 de dezembro, quando ocorria uma festa na qual estavam mais de 500 convidados, entre os quais diplomatas de vários países e autoridades do Peru.
Os guerrilheiros primeiramente libertaram todas as mulheres, entre elas a mãe do presidente.
Depois, foram libertando diversos reféns, incluindo o embaixador do Brasil em Lima, Carlos Luiz Coutinho Perez.
O mais longo sequestro
A crise do Peru é o mais longo sequestro de um grande grupo na América Latina.
A ação do MRTA superou em quatro semanas a tomada da Embaixada da República Dominicana em Bogotá, capital da Colômbia, pelo Movimento 19 de Abril (M-19), até então o mais importante do hemisfério.
O processo de negociação não tem tido avanços. Já houve diversos encontros entre representantes do governo e Nestor Cerpa Cartolini, o líder da ação em Lima.
Ontem, os membros da Comissão de Garantes, mediadores entre o governo e a guerrilha, fizeram reunião com os líderes do MRTA.
Duas horas antes a comissão havia se encontrado com Fujimori e o representante do governo nas negociações, Domingo Palermo.
Negociações fronteiriças O Ministério das Relações Exteriores do Equador confirmou ontem que, no próximo 15 de abril, delegações peruana e equatoriana devem se reunir em Brasília para discutir as divergências fronteiriças entre os dois.
Peru e Equador travaram um breve conflito em 1995 graças a essas diferenças. Os países latino-americanos discutem a paz desde 1942, quando assinaram o protocolo do Rio, monitorado por Argentina, Brasil, Chile e EUA.

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