São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997
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Falta de cadáver causa intervenção

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATANDUVA

A Faculdade de Medicina de Catanduva (385 km de SP) sofreu intervenção do MEC no final do ano passado, por causa de deficiências do curso apontadas em relatório feito a partir de uma sindicância do Ministério da Educação.
A Fundação Padre Albino, mantenedora da faculdade, conseguiu na Justiça uma liminar que afastou o interventor até o momento.
O interventor afastado, Reinaldo Ayer de Oliveira, afirmou à Agência Folha que a situação "é grave e se arrasta há três anos".
Segundo Oliveira, a comissão de sindicância sugeriu a não-aprovação do reconhecimento do curso médico por um período de um ano, para que sejam cumpridas exigências do órgão. "Se não forem cumpridas, não poderemos reconhecer o curso."
O relatório do MEC aponta falhas como ausência de equipamentos de laboratórios e falta de cadáveres para aulas de anatomia, entre outras.
Alunos ouvidos pela Agência Folha confirmaram essas informações. Disseram, por exemplo, que há uma média de um cadáver para cada 15 alunos. O ideal seria um para cada grupo de cinco.
Os estudantes afirmaram também que são precários os laboratórios de áreas básicas como farmacologia, fisiologia, bioquímica e biofísica.
Greve
O descontentamento com essas deficiências estruturais levou os 380 alunos da faculdade a fazerem uma greve de 52 dias em 1996.
Como consequência, o diretor da faculdade foi exonerado, outros três professores foram demitidos e alguns alunos, ameaçados de expulsão.
Hoje, os estudantes evitam dar entrevistas, por medo de sanções. Eles dizem que, após a pressão dos estudantes e do MEC, a faculdade começou a tomar providências para solucionar a situação.
Reivindicações como transferir a pediatria e obstetrícia do hospital Padre Albino para o hospital Emílio Carlos, onde funciona a faculdade, estão sendo atendidas. Está sendo construído também um centro cirúrgico no local.
Carlos Henrique Teixeira, 18, estudante do primeiro ano, recém-chegado de Franca, disse que escolheu a faculdade "por ter uma das mensalidades mais baratas do Estado e pela possibilidade de que seja estadualizada". Ele paga R$ 725 mensais.
O atual diretor da faculdade, Michel Cury, não quis dar entrevistas. Limitou-se a dizer que a retomada do assunto "é inoportuna, só prejudica a faculdade".
O presidente da Fundação Padre Albino, Albino dos Santos Couto, não foi localizado pela reportagem. A secretária da entidade disse de manhã que ele estava ocupado e, à tarde, que estava viajando.

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