São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997
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Cresce fatia de capital externo nas fusões

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Empresas estrangeiras foram responsáveis por 50% das compras nas operações de fusão e aquisição de empresas nacionais feitas em 1996. No ano anterior, essa participação havia sido de 41%, e em 1994, de 40%.
Os dados foram elaborados pela consultoria Price Waterhouse. As transações de fusões e vendas de empresas brasileiras aumentaram 48,26% desde 1994, quando foi implantado o Plano Real. Passaram de 259 para 384.
Dentro desse processo de reestruturação das empresas brasileiras, as aquisições de controle acionário aumentaram 43% em 1996 quando comparadas com 1995. Isto é, passaram de 132 para 189 no período.
Estabilização econômica, potencial de crescimento da economia brasileira e a abertura econômica foram três dos fatores que influenciaram a decisão das empresas estrangeiras de investir no Brasil.
Os dados elaborados pelo sócio da Price, Raul Beer, mostram que até 1993 o capital estrangeiro foi comprador em apenas 30% das transações de fusões e aquisições de empresas brasileiras.
Joint venture
Também aumentou a participação do capital estrangeiro na formação de joint ventures (associação de empresas). Subiu de 70% até 1993 para 78% no ano passado.
Trabalho feito pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, mostra que a reestruturação industrial implica não só concentração de algumas atividades, mas também desnacionalização.
No setor de eletroeletrônicos, por exemplo, a empresa alemã Bosch comprou a Continental em 1996. Ainda nesse setor, a brasileira CCE fez um contrato com a italiana Merloni para fazer produtos da linha branca (geladeira e fogão, por exemplo).
Outro exemplo de joint venture citado no estudo foi a associação da empresa italiana Barilla Alimentos com a Santista Alimentos. Juntas, iniciaram no ano passado investimentos de US$ 35 milhões.
Escrito em conjunto com a economista Lídia Goldenstein, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o estudo afirma que a reestruturação é um processo "doloroso", mas positivo para o país.
"Positivo porque está permitindo não só a consolidação da estabilização, mas também a construção das bases para a retomada de um crescimento sustentado", afirmam Mendonça de Barros e Lídia.
Essa"onda" de investimentos internacionais não está voltada apenas para um setor (como aconteceu nos anos 50), mas para diferentes segmentos (alimentação, autopeças, farmacêutico e máquinas agrícolas, por exemplo).

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